segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

OS TEXTOS DE 2018

Derradeiro balanço pessoal do ano: o dos textos mais lidos em cada mês, com o número de visualizações. O que me dá ideia dos interesses de quem lê o blogue e da forma como os leitores seguem o que vou escrevendo. Obrigado a todos, 10 anos e 23 dias depois de ter começado.


Janeiro
Arqueologia amarelejense (8.1) - 1819 leituras

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Fevereiro
Cozido à portuguesa (9.2) - 1331 leituras

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Março
Bolsa de estudos Dr. Alberto Fernandes (29.3) - 8590 leituras

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Abril
Por terras de Safara (1.4) - 2199 leituras

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/04/por-terras-de-safara.html




Maio
Carta aberta ao Presidente da Câmara de Moura (31.5) - 4320 leituras

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Junho
Assim, ainda nos deixam vaidosos (5.6) - 1039 leituras

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Julho
António Borges Coelho - Prémio Universidade de Lisboa (14.7) - 1243 leituras

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Agosto
Em Samora Correia, com os Silva Herculano (22.8) - 606 leituras

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Setembro
Vice-Presidente do Sporting é da Salúquia (14.9) - 5085 leituras

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Outubro
Meu caro Miguel Rego... (13.10) - 3593 leituras

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Novembro
Fake news na Câmara de Moura (15.11) - 832 leituras

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Dezembro
Sim às corridas de touros (1.12) - 260 leituras

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domingo, 30 de dezembro de 2018

QUETZAL E SENHORA DE GUADALUPE E HAGIONÍMIA

Alguns visitantes, por aqui e por ali. Não muitos. Certamente muito menos que os que iam nos carros que nos ultrapassaram, a velocidades inadmissíveis, na EN 122, ao cair da noite. Contudo, a luz da tarde e os sítios justificavam o tempo que ali se gastasse. Como fomos fazendo, entre as 14 e as 18.

África ainda está na Quinta do Quetzal. Uma exposição na fantástica galeria de exposições da quinta. Arriscava-me a dizer que é África vista de fora, mas isso é o que menos interessa aqui. O sítio é muito bonito, por fora e por dentro. A curta distância está a Ermida da Senhora de Guadalupe, em terreno privado e em crescente ruína. Há restos de frescos, imitando mármores, em azul e em rosa. Para ocidente temos o esplendor de S. Cucufate. O nome do mártir perde-se no meio da lenda, mas a villa ali está, bem sólida e visitável. Quem conheceu o sítio e quem o vê agora, facilmente constata o salto qualitativo.

Em poucos metros - da Quinta do Quetzal a São Cucufate são 3.500 metros, por estrada (em linha reta apenas 1.500); da Quinta à Ermida de Guadalupe uns escassos 150 - concentram-se Arte e Património. A preços irrisórios. Quem vai à desfilada, EN 121 e 122 fora, não dá por isso.





sábado, 29 de dezembro de 2018

2018 - REVISTO E ENCURTADO

Foi um ano de mudança radical. Pela primeira vez, desde há 12 anos, estava "por minha conta". Tive direito à minha travessia do deserto. Um período curto, antes de mergulhar em diversos trabalhos. Quando informei que tenho projetos agendados para 2019, 2020 e 2021 uma velha amiga comentou "não há nada a fazer, não tens emenda...". O que foi o ano que agora passa? A atividade autárquica esfuma-se no horizonte passado, outras coisas surgem pela frente. Moura faz-me falta? Sim, ganhei essa certeza.

Contas feitas, 2018 foi muito melhor do que esperava. Mais divertido e animado, em especial. Um ano lúdico e profissional e marcado por uma agenda pessoal. Pela primeira vez em muitos anos. E marcado também pelo novo percurso, na Câmara de Lisboa.

Janeiro

Dia 9 - Recebi uma comunicação da Câmara de Moura informando que razões de ordem financeira levavam a não apoiar o projeto de exposição De Totalica à Adiça: 5000 anos de mineração. Custaria uns 25.000 euros. Paciência, não se faz em Moura irá fazer-se noutro local. Concretamente, no Sobral da Adiça. De outra forma e com menos meios, provavelmente. Haverá exposição e programa complementar. Já há colaboradores qualificados garantidos.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/01/todo-o-ouro-da-adica-uma-exposicao-para.html





Fevereiro

Dia 7 - Uma revista online coloca Moura entre os 15 centros históricos mais bonitos. Estas coisas valem o que valem, mas a referência deu-me um certo prazer. Não deixarei, uma vez e outra, de recordar o que é uma coisa chamada reabilitação urbana. O que alguns babacas chamam arqueologia e museus 😁.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/02/moura-centro-historico.html



Março

Dia 17 Celebração, em ambiente fraterno. Regresso à mesquita de Lisboa, para uma intervenção no âmbito da festa dos 50 anos da Comunidade Islâmica.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/03/comunidade-islamica-de-lisboa-50-anos.html



Dia 20 - Presença, a convite da Caixa Geral de Depósitos, no XIV Fora da Caixa. Participantes, entre outros: Francisco Cary, Augusto Mateus, Miguel Sousa Tavares, António Gomes de Pinho, Paulo Macedo e o autor do blogue.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/03/twimc-xiv-fora-da-caixa-em-direto.html



Abril

Dia 3 - Começo a trabalhar na Câmara de Lisboa. Um novo caminho, aos 54 anos e 10 meses.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/04/horizonte-acima.html



Dia 18 - Monumentos e sítios. Os projetos em que colaborei são aqueles a que a Câmara de Moura dá destaque. Sem ironia, nem ressentimento: poucas coisas me dariam mais prazer, do ponto de vista profissional.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/04/moura-dia-internacional-dos-monumentos.html



Maio

Dia 26 - Encontro dos 40 anos do Campo Arqueológico de Mértola. E ali estou eu, no grupo dos dinossauros da casa. Primeiro contacto com o projeto? Novembro de 1982...

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/05/do-alto-destas-fotografias-40-anos-vos.html



Junho

Dia 7O Prémio Vasco Vilalva foi atribuído um "projeto [que] vai recuperar, conservar e valorizar os jardins que envolvem o Santuário de Nossa Senhora das Preces, localizado na aldeia de Vale de Maceira, em plena Serra do Açor, bastante afetados pelos incêndios de outubro do ano passado". Tive o prazer e a honra de integrar o júri do Prémio Vasco Vilalva, atribuído anualmente pela Fundação Calouste Gulbenkian. O júri foi constituído por António Lamas, Gonçalo Byrne, Raquel Henriques da Silva, Luís Paulo Ribeiro, Teresa Portela Marques, por Rui Esgaio e por mim próprio.

https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/06/premio-vasco-vilalva-santuario-de-nossa.html


Dia 24 - Regresso à Amareleja, para a inauguração do novo bar, no Campo das Cancelinhas. Um regresso emotivo e marcado por várias surpresas. Uma delas foi a entrega do meu cartão de sócio.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/06/amarelejando-ao-final-da-tarde.html



Dia 27 Ficou concluída a primeira redação do livro sobre a experiência autárquica mourense (2005-2017). 227 crónicas, intervenções públicas, entrevistas etc. Cerca de 450 páginas A4 (palatino, corpo 12, a espaço e meio). Até final do ano fui fazendo uns aditamentos... Já vai em 240 textos e 600 páginas. Retomo-o em janeiro de 2019. Edição? Em 2020.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/06/liber-scriptus-est.html



Julho

Dia 3 - Reinício das escavações arqueológicas no Castelo de Moura. O tipo de estruturas postas a descoberto obrigarão a um alargamento de área de trabalho. Ocupações recentes (séculos XIX e XX) afetaram fortemente os níveis medievais. Uma coisa é certa. Estamos já ante a presença de vestígios - ainda fragmentários - das casas islâmicas dos séculos XII e XIII. A realidade da nossa terra de há sete ou oito séculos começa a mostrar-se.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/07/escavacao-arqueologica-dias-1-4.html



Agosto


Dia 20 - Silva Herculano é o nome da ganadaria e tem base na Amareleja. Henrique Herculano é o seu jovem proprietário. Uma noite bem passada, a convite do ganadeiro, com um grupo de bons amigos.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/08/em-samora-correia-com-os-silva-herculano.html



Setembro

Dia 8Inauguração do lagar de Vale Formoso, no limite norte do concelho de Moura. Tiveram a simpatia de me convidar. Fui, claro. É um dossiê que conheço muito bem. Vem a propósito recordar uma passagem do Deuteronómio (24:20):

Quando varejares as tuas oliveiras, não voltes a colher o resto que ficou nos ramos; deixa-o para o estrangeiro, o órfão e a viúva.


http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/09/fe-em-vale-formoso.html



Dia 17 - À volta dos objetos e dos museus. Um encontro vivo, num sítio muito especial.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/09/objetos-e-museus-um-percurso-sinuoso.html



Outubro


Dia 5 - Tertúlia na Taberna do Liberato. Coisas sobre a alimentação medieval. Não tinha uma afluência assim, com gente de fora e tudo, desde uma sessão na Brown University, da qual guardo gratas recordações.



Dia 25 - Inauguração da exposição "Caligrafias". Memórias de viagens em 35 imagens. Sem a participação de Jorge Calado, isto nunca passaria de uma intenção.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/10/evora-ontem.html



Novembro

Dia 7 - É daquelas experiências que não esquecerei... Publicar um texto quase se tornou um calvário. Mas lá ficou arrumada a questão. E as tais houses and daily life entraram noutro tipo de circuito.

https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/11/no-arts-journal.html



Dia 22 - O lançamento da revista "Monumentos" foi, para mim, muito mais que um ato formal. Ainda que tenha estado ausente, este número 36, com um dossiê sobre Mértola, teve um significado muito especial. O tempo passa depressa. Mértola é um ponto decisivo na vida de tantos de nós. A imagem da capa é muito bonita. E dá uma imagem de solidez. É disso que os projetos precisam. De solidez, de segurança e de uma produtiva longevidade.

https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/11/monumentos-n-36-mertola.html



Dia 28 - Visita calma ao Padrão dos Descobrimentos. Uns dias depois da inauguração. Contar Áfricas! foi uma experiência diferente na minha carreira. Escolher uma peça e falar sobre ela, eis o desafio. Assim concretizado: esta peça de luxo, produzida no al-Andalus, com influências tunisinas, espelha bem essa rota. Representa uma cena de caça, em que um galgo e um falcão atacam, em simultâneo, uma gazela. A excecionalidade da peça reflete também o caráter exclusivo que a caça de volataria tinha.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/11/mertola-em-africa-no-padrao.html



Dezembro

Dias 6 a 8 - Três dias com registos diferentes. Um debate sobre o Património Mundial (quinta), uma passagem pela animação da Feira do Vinho, na Amareleja (sexta), o jantar dos Forcados de Moura (sábado). O permanente regresso ao sítio de origem.

http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2018/12/dias-amplos-vastos-e-diversificados.html




E termina 2018.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

URBANISMO ÁRABE

Post a partir da leitura da Visão online.

É um dos meus disparates favoritos. Refiro-me à classificação dos traçados desordenados, ou não retilíneos, como característicos de um urbanismo árabe ou muçulmano. Que não são coisas equivalentes, mas quando dá para a asneira, vale tudo...

A ausência de um poder com capacidade de imposição ou sem resposta para as necessidades das populações tem este resultado. Ou seja, o improviso, o secretismo, o sentido da auto-defesa. Dois exemplos, um hard, outro soft. Nenhum é árabe ou muçulmano: Port-au-Prince e a Cova da Moura.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

SURA 14, VERSÍCULO 24

No meio de um texto em preparação vim dar com esta frase: Uma boa palavra é como uma árvore nobre, cuja raíz está profundamente firme, e cujos ramos se elevam até ao céu. É uma das suras do Alcorão. Serviu de mote. Partimos dos sons, que são as raízes de todas as línguas. Dos troncos e dos ramos fazemos palavras. Nas folhas e nas flores estão as palavras feitas Arte, através da escrita e da caligrafia.



Ligação entre Arte e Palavras. Encontrei numa recente exposição na Gulbenkian este The old city, de 1966. É uma obra de Dia al-Azzawi (n. 1939). Como diz na legenda "muitos dos elementos que o compõem remetem para a cultura e a sociedade tradicionais iraquianas, incluindo o motivo dominante - o crescente - que pode ser entendido como um pormenor arquitetónico, mas que evoca também a forma da letra árabe nun". Ora nem mais.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

CASBAH DE ARGEL - UMA PROPOSTA DE "REVITALIZAÇÃO"...

Reproduzo mais abaixo, na íntegra, o texto publicado no L'Humanité de 20 de dezembro passado. O ataque ao bairro histórico de Argel é feito à descarada. Em Portugal, bastou a seráfica Cristas para, com beneplácitos municipais, intensificar um processo de gentrificação que transforma as cidades em cenários para usufruto burguês. Se bem se conhecem os antecedentes de luta de Argel, aquilo vai acabar mal. A intervenção francesa é o mais acabado exemplo de neo-colonialismo, com a benção das autoridades locais. Não vai ser nada pacífico. E os da "revitalização" não levarão a deles avante. Felizmente.

Ler - https://www.humanite.fr/casbah-dalger-lettre-ouverte-jean-nouvel-665443



Cher Jean Nouvel,
Le 6 mars 1999, il y a bientôt vingt ans, vous titriez “Boulogne assassine Billancourt” dans les colonnes du Monde; un texte courageux s’indignant avec force de la destruction programmée (et désormais réalisée) du patrimoine historique ouvrier que représentait “le paquebot” de l’Île Seguin dans la proche banlieue de Paris.
Nous débutons cette lettre ouverte en mentionnant ce texte car c’est à la personne qui a écrit celui-ci que nous souhaitons nous adresser. Ce lundi 17 décembre, nous sommes beaucoup à avoir été choqués en apprenant qu’une convention tripartite avait été signée entre la Wilaya d’Alger, la région Île-de-France et vos ateliers afin de, nous dit-on, “revitaliser” la Casbah d’Alger — étymologiquement, “revitaliser” implique redonner de la vie, ce qui nous permet de nous demander si la vie, pourtant vibrante, qui caractérise aujourd’hui les rues sinueuses de ce quartier n’est pas digne d’être considérée comme telle.
La Casbah d’Alger, pour nous, bien avant d’appartenir à l’humanité — celle dont on nous dit qu’elle possède un patrimoine mondial — appartient d’abord à ses habitants, qu’ils possèdent un titre de propriété ou non, ensuite aux Algériens dont la lutte révolutionnaire contre le colonialisme français a régulièrement pris appui sur sa capitale et en particulier, sa Casbah, et enfin aux militants anti-coloniaux de l’Afrique, du Sud Global, mais aussi du Nord, tant la Casbah par son urbanisme et son architecture incarne un symbole puissant des luttes de ceux et celles qui ne peuvent mettre à profit que leur passion et leur environnement face aux forces asymétriques que leur opposent les armées et polices coloniales.
La Casbah, les français l’ont déjà partiellement détruite trois fois. Suivant l’invasion de la Régence d’Alger en 1830, les officiers coloniaux avaient déjà bien compris le danger potentiel de son urbanisme insurrectionnel; ils ont ainsi ordonné la destruction de toute la partie basse de la ville, privant ainsi la Casbah de son accès à la mer. Plus tard, les autorités coloniales y construiront des immeubles haussmanniens, reprenant les tactiques urbanistes contre-insurrectionnelles déjà appliquées à Paris et Marseille. A la fin des années 1930, lorsque les autorités coloniales ont fait “la guerre aux taudis” et ont ainsi détruit le quartier de la Marine. Entre 1956 et 1957, c’est toujours au sein de la Casbah que la fameuse “bataille d’Alger” trouve son paroxysme. Dans la nuit du 10 août 1956, des terroristes français y placent une bombe rue de Thèbes qui détruit plusieurs immeubles et tue 80 habitants. Le 8 octobre 1957, ce sont les parachutistes français qui, après avoir étouffé ce quartier de la ville pendant un an, dynamitent la maison où se sont réfugiés les derniers survivants du FLN à Alger: Hassiba Ben Bouali, Zohra Drif, Ali Ammar dit Ali la Pointe, Petit Omar et Yacef Saâdi. Comme vous l’avez peut-être vue durant votre courte visite, cette maison a été laissée telle quelle ces six dernières décennies afin d’en faire un mémorial, un mémorial sans architecte.
Toute modification de la Casbah qui ne viendrait pas directement de ses habitant·e·s doit ainsi faire preuve d’une connaissance et d’un respect sans faille de son passé et de son présent, bien au delà des instructions que la Wilaya d’Alger puisse elle-même fournir ou comprendre. Des projets qui n’auraient pas à coeur de servir en premier lieu ses habitant·e·s ainsi que le legs historique, politique et culturel de cette ville dans la ville, et qui leur préféreraient des ambitions touristiques ou financières ne sont pas dignes de ce lieu de vie et d’histoire. L’annonce de projets culturels notamment, alors que de nombreuses habitations ne sont pas étanches et que l’évacuation d’eau du quartier constitue aujourd’hui l’un des problèmes majeurs du quartier, nous semble par exemple particulièrement problématique et là encore, déconnectée des préoccupations quotidiennes des habitants. De même, le déblocage d’un budget stupéfiant pour financer cette étude ne peut que contraster avec le peu de moyens criant que le tissu associatif de la Casbah affronte au jour le jour dans ses initiatives.
Aujourd’hui, nous apprenons donc que vous collaborez avec Valérie Pécresse la Présidente de la Région Île-de-France. Devons-nous vous rappeler que les décisions de celle-ci pèsent chaque jour un peu plus sur les résident·e·s précarisé·e·s de la métropole parisienne qui, pour beaucoup, sont des personnes ayant (directement ou par l’intermédiaire de leur histoire familiale) souffert du colonialisme français, en particulier celui-ci qui sévit pendant 132 ans en Algérie? Celle qui, en plus de ses politiques inégalitaires, n’hésite pas à se joindre à une foule islamophobe qui agressent les fidèles musulmans de Clichy lorsque ceux-ci prient dans la rue pour protester contre la transformation de leur salle de prière en bibliothèque par la municipalité (novembre 2017). Celle qui n’hésite pas non-plus à déclarer qu’elle serait favorable à une loi visant à doubler les peines de prisons pour des faits commis dans certains quartiers populaires, au mépris de toute constitutionnalité (octobre 2018). Nous vous laissons apprécier le lien que de telles actions et discours peuvent avoir avec l’histoire coloniale française et sa continuation sous d’autres formes.
La décision qu’a prise la Wilaya d’Alger de “revitaliser” la Casbah, est la sienne, et nous laissons le soin à nos amis en Algérie de combattre celle-ci si ils le pensent nécessaire; là n’est pas notre rôle. Nous, architectes, historiennes, electriciennes, agentes d’entretien, universitaires, artistes, et autres militantes internationaux, pour qui la Casbah continue de représenter l’un des symboles les plus forts d’une architecture révolutionnaire, nous faisons appel à votre conscience politique afin que vous renonciez à ce projet. N’acceptez pas d’être complice d’une quatrième vague de transformation brutale française de la Casbah. Tout architecte se doit d’être complètement responsable des conditions et conséquences politiques des projets qu’iel accepte; toute position qui ferait de lui ou d’elle une simple exécutant·e constituerait une insulte à sa fonction et à sa capacité d’agir. Parfois, cette capacité d’agir politiquement se situe au sein de la conception du projet elle-même; à d’autres moments, elle se trouve plutôt dans le refus ou la renonciation à ce même projet. C’est le cas ici et vous avez ce pouvoir.
Nous vous demandons donc: désistez-vous et recommandez à la Wilaya d’Alger certain·e·s de vos confrères·soeurs algérois·es qui sauront problématiser ce projet de manière à préserver la Casbah et ce que celle-ci signifie, plutôt que de la contrôler, la modifier et la gentrifier.
Nous vous remercions de nous avoir lus et espérons que vous nous avez également entendus.

UM CONGRESSO NO SAPATINHO

Não sou exatamente um entusiasta de encontros e de congressos. Nunca fui assíduo e, com o tempo, deixei de ter grande pachorra para estes rituais. Só a espaços participo. Este convite, contudo, teve um sabor especial. E motivou um sim imediato. Será em março e andarei, uma vez mais, em torno da orientalização da sociedade peninsular. Que se insinua muito antes de 711.

Será uma forma de celebrar o fim do inverno. Na véspera de conduzir uma visita pela Lisboa Islâmica. Tout va avec...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

SHEEP ARE NOT FOR SNOW

Ovelhas não são para mato, diz-se na nossa terra. Uma expressão de que me recordo com muita regularidade. No natal, podemos adaptar e passar a um ovelhas não são para neve.

Aqui vos deixo um verdadeiro e solidário conto de Natal, que me foi contado por um antigo dirigente de um movimento de libertação.

Um belo dia, algures nos anos 70, chegou à capital de um país africano, nos trópicos, a notícia da oferta, por parte da URSS, de equipamento, destinado a ajudar, fraternalmente, um país que nascia. Expetativa e dúvida. Que máquinas estariam para chegar? Que dádiva seria aquela?

Algumas semanas mais tarde o mistério desvendou-se. No porto da capital estavam a ser desembarcados limpa-neves. Limpa-neves com temperaturas de 35º? Costuma dizer-se, e é verdade, que quem dá o que tem a mais não é obrigado. Os limpa-neves não servem de muito nos trópicos? Ora essa, o que conta é o gesto.

Nos trópicos não há neve, nem bonecos de neve? Mas há steel bands que tocam músicas de natal. Let it snow ao jeito das Caraíbas. As quais são, também, onde um homem quiser.

domingo, 23 de dezembro de 2018

JORNALISMO DE SALDO

Esta é o cúmulo!
Abre-se concurso para diretor de um jornal, no caso vertente o Diário do Alentejo.
Quais são os critérios de "adjudicação"?
Metade é o preço. O preço, coisa essencial na prestação de um jornalista que vai dirigir um jornal.
Depois há a experiência jornalística, que vale 30%. Vá lá, podia ser menos...
Depois também se valoriza (20%) a experiência na realização de vídeos/documentários.
Em janeiro haverá novidades. Quem será o cine-jornalista?

sábado, 22 de dezembro de 2018

ADEUS MACHADINHO, OLÁ BOAVISTA

É uma experiência inédita, na minha vida profissional. Em menos de dois anos, é o meu quarto local de trabalho. As instalações vão ser no número 10 da Rua D. Luís I. Aqui na casa, o sítio é conhecido como a Boavista. Que é a rua das traseiras. Para o caso, pouco importa. É um sítio agradável e luminoso. Ainda que sem o charme do bonito palácio onde, até à próxima primavera, funcionará a Direção Municipal de Cultura.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

ACIMA DO ARCO-ÍRIS

Sunset é o livro que se vê e que ainda está por terminar. O filme acaba assim. E ouvimos o Somewhere over the rainbow, na interpretação de Israel Kaʻanoʻi Kamakawiwoʻole. Hoje comecei a ouvir esta música às 16:15. Durou o resto do dia.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O MEDO À ESPREITA, EM EL EJIDO

Estive uma única vez em El Ejido. Terá sido há uns 20 anos. Havia lá um colóquio e tinha sido convidado a participar. Foi naquela altura da minha vida em que achava importante andar aos saltos de colóquio em colóquio e de comunicação em comunicação. Depois passou-me...

De El Ejido recordo apenas a planura e uma terra perdida no meio das estufas. Já havia marroquinos à procura de uma vida melhor. Mas não tantos como nos anos seguintes.

Creio ter escrito algures, talvez no "Diário do Alentejo", uma crónica sobre El Ejido. Uma terra perdida no meio da agricultura industrial, aborrecida e próspera. A emigração magrebina tomaria, mais tarde, conta de El Ejido. As mais-valias deram origem a conflitos.

Vox só ganhou num município as recentes eleições autonómicas. Foi em El Ejido. O ovo da serpente espreita.


domingo, 16 de dezembro de 2018

PRÉMIO MARIA TEREZA E VASCO VILALVA

Terminou, há pouco, o prazo de entrega de propostas. Segue-se a avaliação, que deverá estender-se pelos próximos meses. Uma outra forma de ver, ler e valorizar o Património.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

CRISTOS

Foi anunciada no blogue no dia 22.3.2015. Depois voltei a referi-la em outubro de 2017, dizendo que estava em preparação "uma exposição sobre os “cristos” de um pintor do século XX, a montar na Sé de Lisboa. Intenção formulada e várias vezes adiada, vai ser desta. Vai mesmo". Não foi. Por razões inesperadas, o projeto foi adiado. Uma vez mais. Irá ser retomado dentro de dias. Escolhi cerca de meia centena de obras, numa trabalho de curadoria que é, para mim, inédito. O que me causa algum nervoso miudinho. Se as coisas correrem bem, na Páscoa de 2019 haverá exposição. Não só Cristos, mas também Profetas e Cavaleiros. E Pastores. E Mães.

Como esta:

Pequeno Poema

Quando eu nasci, 
ficou tudo como estava. 

Nem homens cortaram veias, 
nem o Sol escureceu, 
nem houve estrelas a mais... 
Somente, 
esquecida das dores, 
a minha Mãe sorriu e agradeceu. 

Quando eu nasci, 
não houve nada de novo 
senão eu. 

As nuvens não se espantaram, 
não enlouqueceu ninguém... 

Pra que o dia fosse enorme, 
bastava 
toda a ternura que olhava 
nos olhos de minha Mãe... 

Sebastião da Gama

Não sei como vai ser o resultado final da exposição, mas haverá uma necessária interação com o espaço escolhido.