sábado, 2 de dezembro de 2017

PEER REVIEW

Numa reputadíssima universidade europeia foi descontada pontuação na avaliação de trabalhos de licenciatura, por estes terem recorrido a artigos sem peer review. O facto foi-me narrado por três alunas. Embora não desvalorize o sistema de peer review (no qual os trabalhos  de investigação são avaliados por "pares" do mesmo ofício), embora eu já tenha feito a chamada arbitragem para revistas portuguesas e espanholas, embora já tenha tido artigos meus avaliados por esse método, embora eu faça parte de um  painel de avaliação nacional que atribui notas a projetos, embora tudo isso, acho que se está a ir longe de mais...

Coordenei, durante mais de 20 anos, uma revista onde, de forma deliberada, rejeitámos peer reviews e normas bibliográficas obrigatórias. Tal como nos recusámos a balizar as áreas do conhecimento, entendendo-se arqueologia medieval como algo mais que escavações e materiais. Ouvi das boas. Foi vaticinada vida curta à revista (dois número, garantiu-me um "especialista"). Etc. Já lá vão 25 anos... Já não sou coordenador da publicação. Que continua de boa saúde. Livre, enérgica, tolerante para com os novos valores, anárquica e sem peer reviews.

A despeito da especificidade dos temas que as moças tratavam, numa seleção de bibliografia não deveremos ser tão estritos e rígidos que rejeitemos a aparente "menoridade" de alguns trabalhos. Umberto Eco explicou isso, num livro muito popular nos meus tempos de estudante. Fez-se o contrário e a soberba esmagou a humildade. Foi isso que aconteceu, nada mais.


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