domingo, 31 de dezembro de 2017

2017 - REVISÃO DA MATÉRIA DADA

O que marcou o ano? A vida na autarquia mourense. Uma quase reclusão dentro dos limites do concelho. Um ano intenso como poucos. Que balanço? Aqui vai, à razão de duas coisas por mês. Ou três.

E o ano foi-se.

Janeiro

Dia 11 - Uma notícia no Jornal de Negócios punha Moura no top 3 em termos de crescimento de exportações durante o mandato autárquico 2013/2017. O que reflete, claro, um trabalho de décadas da CDU à frente do Município. Uma Câmara existe para definir estratégias e não para distribuir fraldinhas.




Dia 27 - Estreia do meu filme "Moita Macedo, pintor e poeta na revolução" na Fundação Arpad Szenes. Nunca me passou pela cabeça que, um dia, o ingénuo documentário rodado em 1981 tivesse honras de estreia num sítio assim. A presença do realizador foi anunciada pelo apresentador. Começam as pessoas olhando em volta, tentando perceber quem era. Felizmente, sou um ilustre desconhecido e ninguém deu por mim.



Fevereiro

Dia 5 - Homenagem ao maestro José Coelho. Foi um dos momentos altos do meu ano sentimental. Homenageia-se o maestro e lança-se um CD com músicas dele. Houve de tudo um pouco. Abordagens mais tradicionais, claro. Fado e rock. Com um aspeto importante. Todas as gravações estiveram a cargo de artistas locais. Atrevidamente, e depois de vencida alguma resistência inicial de alguns familiares, incluímos uma peça interpretada por dois DJ: KX Connections.


Dia 18 - Encontro com os emigrantes do concelho, no arredores de Lausanne. Na intervenção que fiz, a quente e sem me preocupar com o politicamente correto, recordei o muito que devemos a todos os que partiram. Sublinhei o muito que perdemos com a partida de todos eles. Nunca lhes poderemos pagar o esforço que fizeram e fazem, nem lhes consigo explicar o quanto nos emocionaram por continuarem a recordar o nosso concelho.



Março

Dia 10 - Ação de promoção de Moura em Lisboa. Divulgação da realidade do concelho. Promoção da Feira do Peixe do Rio e do Pão. Ações de rua. Os artistas do concelho que expuseram a sua arte. Os fadistas do concelho. As nossas bandas filarmónicas. Os nossos grupos corais. As empresas que estiveram presentes. As outras que nos ajudaram a montar este evento. A apresentação de um livro. A música dos mais jovens. A caldeirada de peixe do rio. De tudo isto se fez a Câmara Aberta (a nona do mandato).



Dia 27 - Um novo contrato para a instalação de uma empresa no Centro de Acolhimento a Microempresas de Moura (CAMM) foi assinado.  Com esta instalação, os seis espaços de oficina que o CAMM disponibiliza passaram a estar ocupados.
Gerido e dinamizado pela Câmara Municipal de Moura e pela empresa municipal Lógica, o CAMM, infraestrutura de acolhimento e incubação de empresas, apoia a instalação de empresas sediadas no concelho.
Do ponto de vista político (e também pessoal), representou uma vitória e uma demonstração que o potencial pode ser concretizado.




Abril

Dia 7 - Dando espaço aos mais novos, durante a inauguração do novo parque infantil, no Jardim da Porta Nova. Mais uma promessa que se cumpre. Outros parques infantis tomarão forma. Uns serão reaqualificados, outros construídos de raíz. Aquilo que foi anunciado é para se cumprir. Fazer política é uma coisa tão simples quanto isso.


Dia 28 - Anúncio do recomeço da intervenção arqueológica em 2018. Onde trabalhar? Na área detrás do convento, no espaço que corresponde a dois antigos claustros (v. fotografia). Porquê nesse sítio? Porque é o menos suscetível de ter sofrido alterações no período pós-medieval. Ou seja, o urbanismo tardo-medieval, ou mesmo anterior a essa época, pode estar "aí".



Maio

Dia 3 - Termina a iniciativa "Um dia na Presidência". Durante onze sessões tive a companhia de 34 jovens. Não sei se serão 34 futuros autarcas, mas espero que isto tenha sido útil para eles. Para mim foi útil e estimulante. Perguntas provocadoras, dúvidas, ideias, propostas, de tudo um pouco ouvi. Um traço comum: de um primeiro encontro matinal muito formal se passou a um registo muito mais próximo no final do dia.

A parte (sempre) mais engraçada? "A gente não tinha ideia que se fazia tanta coisa". Pois...

Uma certeza: diverti-me imenso!


Dia 24 - É a minha aula preferida? É, de longe. Tal como gostei imenso do "Um dia na presidência", gosto de vir à Escola do Sete-e-Meio, em maio. Uma ideia que partiu do Prof. António Monge "pode vir falar aos miúdos de questões de património?". Claro! É assim há três ou quatro anos. Uma aula simples e virada aquele escalão etário. Absolutamente extenuante, para mim. Não tenho prática de lidar com miúdos, um público difícil e muito exigente. São divertidos e alegres, usando muitas vezes a cumplicidade do "o meu pai conhece-o", "a minha mãe é fulana de tal". Não sei o que retêm da aula, mas aquela hora é, para mim, da maior importância.



Junho

Dia 2 - Inauguração do CONTINENTE. Deixar o Maria Vitória ao abandono era a solução? Vão-se catar...


Dia 9 - Prémio Instituição à Câmara Municipal de Moura atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia. Entre 2014 e 2017 recebemos cinco distinções pelo trabalho na área do Património. É um ritmo para manter, espero.



Dia 11 - Termina o Festival do Peixe do Rio e do Pão. Dias de borga.



Julho

Dia 10 - Foi assinado, às 11 horas, o memorando de entendimento entre cinco entidades (Direção-Geral do Tesouro e Finanças, Direção-Geral do Património Cultural, Direção Regional de Cultura do Alentejo, Turismo de Portugal e Município de Moura) que permite avançar com um projeto de reabilitação para o Convento do Carmo. É o início de um caminho que espero ver concluído dentro de uns anos. Fizémos o que nos competia. Isso mesmo foi sublinhado pela Secretária de Estado do Turismo que referiu que a iniciativa tomada pela Câmara de Moura foi decisiva. Disse ainda, e esse ponto é importante para a autarquia, que fomos o primeiro município no País a ter um imóvel incluído no REVIVE. Até então só os edifícios do Poder Central integravam este programa. Foi uma coisa que gostei de ouvir.



Dia 20 - Dia da Memória. Entre muitas outras iniciativas, destaco a visita ao Pátio dos Rolins, com os novos moradores, e a inauguração da Casa dos Poços.




Agosto

Dia 4 - Água, no Alvito. As habitações do período islâmico e a hidráulica nesse período foi o tema que abordei. Um convite simpático do Prof. Jorge Gaspar, dando seguimento a uma colaboração recente, entre um Fórum 21 e o livro da Amareleja, que está quase quase.

Ia, aos poucos, entrando na minha "outra vida".



Dia 30 - Terminou uma saga com muitos anos. Foi assinada, em Braga, a escritura de um prédio deixado em testamento à Câmara Municipal de Moura por uma benemérita amarelejense já falecida. A receita proveniente da venda do edifício destinava-se a um lar na Amareleja. Destinava-se e destina-se. O edifício, situado na Rua Júlio Lima, em Braga, foi vendido, depois de se ultrapassar um calvário legal que tardou anos a resolver. Depois de resolvidos os últimos tramites administrativos, a receita foi entregue ao Centro Social da Amareleja. No epílogo, ainda houve umas cenas de má educação.



Setembro

Dia 8 - Última corrida na minha última feira como presidente. Sedimenta-se a amizade com os forcados de Moura. Um símbolo da nossa terra, um motivo de orgulho para todos nós. Uma ligação para o futuro.


Dia 17 - Lançamento do livro "Amareleja". Cerca de 130 pessoas estão presentes. Tinha dito a um amigo que entre 40  e 50 seria excelente. Uma surpresa muito agradável e que me emocionou. Os miúdos do Grupo Coral Infantil da EBI deram cor à apresentação. O vinho da Amareleja iluminou a noite. O livro fica como registo para a posteridade.



Dia 29 - 9 da manhã. Quatro anos depois das eleições de 2013 dá-se formalmente como terminada a obra da Ponte do Coronheiro. Placa e fotografia de família com os operários da STAP. Missão cumprida.




Outubro

Dia 8 - Assisti à missa em Safara. No final, o padre Mário Capa teve a simpatia de me chamar para a zona em frente ao altar, para explicar a intervenção que foi efetuada na igreja. As obras de reabilitação compreenderam trabalhos de reforço estrutural, uma importante reparação no telhado e a caiação de todo o monumento. O exterior da capela-mor vai ser objeto de estudo (os grafitos justificam-no sobejamente), avançando-se depois para a sua caiação. Mais de 200.000 euros foram investidos nesta intervenção.

Era perto do meio-dia quando descerrei uma pequena e discreta placa comemorativa, na sacristia da igreja. "Missão cumprida", não pude deixar de pensar, uma vez mais.



Dia 20 - No último dia de trabalho efetivo de mandato tive esta prenda da rapaziada do Gabinete de Informação. Das muitas imagens recolhidas ao longo de quatro anos escolheram esta sequência do outro lado da presidência. Um registo menos formal, em contraponto às horas de gabinete...

Ao mostrar isto a um amigo de longa data, comentou "não achas que vão dizer que andaste o tempo todo a divertir-te?". Respondi que a extensa lista de obras, de iniciativas, de projetos, de foros, de financiamentos, de encontros, de apoios etc. clarificam o que, de facto, se fez. Depois, porque tentei realmente tirar partido dos momentos de descontração. Depois, porque sempre desconfiei dos políticos, dos artistas, dos investigadores etc. que estão sempre em pose e com ar de compungido sofrimento. E depois, na verdade, porque me estou nas tintas para o que pensem ou deixem de pensar os bem pensantes...




Novembro

Dia 3 - Retomo a escrita. Recomeço projetos de investigação há muito semi-esquecidos. Reencontro o prazer de outras pequenas coisas. Há um ensaio sobre rituais funerários que ganha rapidamente forma e que sairá sob a forma de pequeno livro.



Dia 20 - Arranca a obra de reabilitação da Torre do Relógio, em Amareleja. É daquelas notícias que me deixa verdadeiramente feliz. Foi uma intervenção pela qual muito se batalhou. O projeto foi terminado, a obra tem um financiamento comunitário de 85% e o caminho é em frente.

Oxalá as coisas corram bem, em termos de execução. Tenho pressa em ir à inauguração.



Dezembro

Dia 9 - Passagem festiva pela Feira do Vinho, em Amareleja. Pensava eu seria ignorado, no meu papel de has been. Qual quê! Foi pior/melhor do que quando tinha funções políticas...


Dia 12 - Reunião da Comissão de Avaliação do Prémio Vasco Vilava. Um trabalho diferente, em excelente companhia. A tarefa é transitória, mas vale bem a pena este compromisso. A recuperação e a valorização do Património como tópico principal. Nada que esteja longe dos horizontes próximos de trabalho. Nada que não repute de essencial na perspetiva do desenvolvimento social e cultural. Em definitivo, de volta à minha vida profissional. Para mais, numa função especialmente  estimulante.

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