quarta-feira, 12 de abril de 2017

A MÚSICA, A LUZ, AS SOMBRAS E A FILARMÓNICA


Regresso a uma antiga paixão: Cecília Meireles. E à música. As palavras foram evocadas ao ver, de manhã bem cedo (noite perdida...), as fotografias feitas há semanas à banda de "Os Amarelos". Retomei e enfatizei o contra-luz que, na altura, me chamou a atenção. Afinal, ainda não chegámos a outubro e as máquinas ainda não têm ferrugem...

Música

Noite perdida, 
não te lamento: 
embarco a vida 

no pensamento, 
busco a alvorada 
do sonho isento, 

puro e sem nada, 
- rosa encarnada, 
intacta, ao vento. 

Noite perdida, 
noite encontrada, 
morta, vivida, 

e ressuscitada... 
(Asa da lua 
quase parada, 

mostra-me a sua 
sombra escondida, 
que continua 

a minha vida 
num chão profundo! 
- raiz prendida 

a um outro mundo.) 
Rosa encarnada 
do sonho isento, 

muda alvorada 
que o pensamento 
deixa confiada 

ao tempo lento... 
Minha partida, 
minha chegada, 

é tudo vento... 

Ai da alvorada! 
Noite perdida, 
noite encontrada... 

In 'Viagem' 

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