quinta-feira, 23 de março de 2017

ESTIVE QUASE A CONVIDAR JEROEN DIJSSELBLOEM PARA VIR A MOURA


Exmo. Senhor
Jeroen Dijsselbloem
Presidente do Eurogrupo
Edif. Justus Lipsius
Rue de la Loi, 175
B-1048 Bruxelles

Moura, 22 de março de 2017

Exmo. Senhor

Li com a maior atenção as suas declarações segundo as quais atribui “uma importância extraordinária à solidariedade”. Mas considera que “também deve haver obrigações: não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda".
Não sendo nós (com alguma pena, confesso…) os libertinos que as suas palavras sugerem, é verdade que temos um espírito tendencialmente jovial, de quem sabe viver a vida, condimentando essa caraterística com capacidades de trabalho geralmente reconhecidas. Vejam-se os justos elogios que normalmente identificam os nossos emigrantes.
Não sendo o nosso quotidiano a desbragada borga que a expressão “copos e mulheres” parece apontar, temos importantes momentos de pausa e de celebração. Gostaria de poder convidar V. Exa. a visitar o concelho de Moura por ocasião das Festas de Nossa Senhora do Carmo e a assistir à respetiva inauguração. Poderia constatar, durante esses dias, o que é a vida no sul, como trabalhamos para desenvolver a nossa terra e, também, como sabemos receber e nos sabemos divertir. Gostamos também, bem entendido, de tomar um copo e de amar. Quanto a mulheres, contudo, não as poderia ver em montras, como sucede em certos países.
Gostaria de poder mostrar-lhe a luta que temos para ultrapassar as dificuldades criadas pelos que, com V. Exa., frequentam os tapetes fofos de Bruxelas e tomam decisões que afetam a vida de tanta gente, por esta Europa fora. E se não o convido para estar cá no dia 13 de julho, às 19 hora, é por ter uma certeza. Iria maçar-se imenso, e até irritar-se, por ver como conseguimos passar o tempo e divertir-nos. Com uns copos à mistura. E com mulheres ou homens. Segundo as preferências.


Com os melhores cumprimentos

/Santiago Macias /
Presidente da Câmara Municipal de Moura


Estive quase, mesmo, a convidar o senhor a vir a Moura. Acabei por lhe enviar a carta que acima reproduzo. Posições racistas (quantos não pensam e dizem, por cá, o mesmo sobre copos e mulheres em relação aos africanos?) e sexistas são banais. Para além do humor ser coisa escassa na vida política (lá e cá...) ainda me arriscava a ver o convite aceite. Lá ia a minha festa para o galheiro.

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