sábado, 26 de setembro de 2015

LISBOA AO TEMPO DE ALMANÇOR

Com a devida vénia se transcreve texto difundido pelo Prof. Doutor José d'Encarnação na plataforma Histport. A leitura desta lápide vem lançar luz sobre questões ainda mal esclarecidas da Lisboa Islâmica. E confere sentido a um dos panos de muralha do castelo (o torreão junto à igreja do Menino Deus).

A Professora Carme Barcelò, catedrática de Estudios Árabes e Islâmicos na Facultat de Filologia, Traducció i Comunicació da Universidade de Valência teve a gentileza de estudar a inscriçãoárabe, que foi gravada sob o epitáfio latino de LICINIA M(arci) F(ilia) / MAELA H(ic) S(ita) E/ST – que significa «Aqui jaz Licínia Mela, filha de Marco – exposto no Museu da Cidade de Lisboa.

O resultado do seu estudo, a que deu o título «Lisboa y Almanzor (374 H. / 985 d. C.)», acaba de ser publicado no vol. LII (2013) da revista Conimbriga, ora distribuído, nas páginas 165 a 194.

Trata-se de uma pesquisa por que há muito se ansiava, uma vez que o mau estado em que a epígrafe se encontra houvera desencorajado, até agora, os especialistas na matéria.

Segundo se lê no resumo, aí se faz o «estudo da legenda árabe com conteúdo histórico que se manteve ignorada desde 1939. É uma peça fundamental para definir o início da alcáçova de Lisboa e é um testemunho de valor inestimável sobre a actividade de construção em época de Hišām II e o patrocínio de Almançor quem, apaixonado pelo poder, seguiu o procedimento dos califas em obras públicas assim como se mostra em outra legenda estudada também aqui, achada em Fuentes de Andalucía (Sevilha, Espanha)».

Para os mais interessados, dou também a tradução que a conceituada investigadora espanhola apresenta:

1 En el nombre de Dios, Clemente, Miseri[cordioso]. / 2 Ha ordenado el Príncipe de los Creyentes Hišām / 3 al-Mu’ayyad bi-llāh ¡haga larga / 4 Dios su existencia! restaurar 5 la ciudad deAl_ašbūna a través de / 6 su servidor, Ḥāŷib y Espada / 7 de su dinastía Abī ‘Āmir Muḥammad bn Abī / 8 ‘Āmir ¡Dios le proteja! Se acabó la restauración (de Hišām) / 9 por manos de Naŷm bn al-Ḥakam y Jalīd / 10 bn Abī Sulaymān, en el mes de ḏū -l-qa‘d/ 11 a del año setenta y cuatro y trescien/tos (= abril 985).

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