domingo, 28 de junho de 2015

SANTOS POPULARES - NOITE E DIA E LUZ E COR E SOM

Os mastros e as marchas fizeram parte destes dias. Quer olhássemos o céu ou o chão. Houve música um pouco por toda a parte e cor e animação em todos os cantos do concelho.

Foram dias (ainda) mais intensos e exigentes. Ao descer esta madrugada a brecha do jardim, lembrei-me, vá lá saber-se porquê!, de um poema de Manuel Bandeira (Vou-me embora pra Pasárgada), que pensava já ter posto no blogue. Daí a Dorival Caymmi e a Maracangalha foi um pulinho de memória. Desci o resto da rua trauteando a música, baixinho, para ninguém ouvir.

Nada. Nem Pasárgada, nem Maracangalha. Limitei-me a rumar à Salúquia...

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


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