segunda-feira, 2 de março de 2015

UMA POLÍTICA DE TERRA QUEIMADA

Reproduzo o texto que hoje mesmo assinei em "A Planície" em resposta a sucessivas e pouco clarividentes prosas assinadas pelo derrotado candidato presidencial Francisco Canudo Sena. Como quem cala consente, achei preferível responder aos erros e às evidentes e pomposas falsidades dos textos de Canudo Sena.

Como a prática do PS tem sido a da política de terra queimada, aqui vos deixo uma reprodução de uma tela de Adam Elsheimer (1578–1610), intitulada Der brand von Troja (O incêndio de Tróia, de 1604) e que está hoje na Alte Pinakothek.


Têm-se tornado habituais ataques violentos à Câmara Municipal e a mim próprio, protagonizados pelos vereadores do Partido Socialista, com destaque para o candidato presidencial Francisco Canudo Sena (FCS).

Eu tinha duas hipóteses: ou o silêncio (atitude que adoto na maior parte das ocasiões) ou a resposta, necessariamente sintética (e para não dar a ideia que não há da minha parte argumentos suficientes).

O Partido Socialista tem praticado uma política de “terra queimada”, com o chumbo sucessivo do orçamento e das grandes opções do plano, sem qualquer justificação aceitável. Os vereadores do PS têm, nas páginas deste jornal, somado os ataques indiscriminados, e não justificados, à vereação e a mim próprio. Num artigo publicado no passado mês de dezembro, foram-me dirigidos estes ataques (e passo a citar): “ausência de capacidade – desrespeito acentuado – sentido discricionário – inqualificável arrogância – incapacidade de auscultação – insensibilidade – fraca ambição – propositado alheamento dos problemas de natureza social – ligeireza – inadequada gestão – ausência de visão – teimosia – despesismo – exercício prepotente – endividamento insustentável – autismo – alheamento das preocupações – défices de aproveitamento – favorecimento – despreocupação”. Não contente com isso, FCS resolveu, em artigos recentes, dirigir-me outros mimos: “incompetência”, “incapacidade de dialogar”, “governo à tripa forra”, “teimosia”, “obstinação”, “acolhimento de clientelas políticas”, etc., etc..

Que dizer, depois disto? Responder aos insultos com mais insultos? Nem pensar! Os leitores, e os habitantes do concelho, saberão fazer a sua leitura do que se tem passado.

Limito-me a rebater as afirmações falsas e despropositadas dos artigos de FCS:

1. “[o orçamento] previa a contracção de mais um empréstimo até 990.000 euros” – FALSO. A verba de 990.000 euros reporta-se ao empréstimo aprovado, e que está em curso, e não a qualquer outro. Basta dominar minimamente as regras do orçamento, e fazer contas elementares, para saber que assim é.

2. “o orçamento apresentava em classificações não descriminadas, tipo ‘saco azul’, mais de 1.700.000 euros (...) sem que qualquer decisão tenha sido dada sobre tal decisão” – FALSO  E ABSURDO. As classificações do orçamento refletem as verbas das Grandes Opções do Plano. Todas as verbas do orçamento dizem respeito a ações concretas. As câmaras municipais não têm “sacos azuis”. Uma suposição desse género implicaria ilegalidades e a conivência dos funcionários do Aprovisionamento, da Contabilidade e da Tesouraria em tal balbúrdia. Acusações destas são graves e só podem ter uma de duas origens: ou ignorância ou má-fé.

3. “redução em 44.000 euros em sub-objetivos como ‘Mais Educação’” – FALSO. Não houve qualquer redução. Entre a 1.ª e 2.ª versão do orçamento houve despesa paga e que já não podia constar. Isso foi explicado. Usar este argumento revela a mais completa má-fé.

4. “também o apoio à actividade cultural desportiva e social viu reduzida a sua dotação em 28.000 euros” – FALSO. Trata-se, igualmente, de despesa paga e que já não podia constar no orçamento. Também isso foi explicado, mais de uma vez.

5. “verificou-se da primeira para a segunda versão orçamental, um aumento de 108.000 euros [em Comemorações e Eventos]” – FALSO. Também isto foi cabalmente explicado. Uma verba que se pensava utilizar, aquando da 1.ª versão, até final do ano, não foi gasta e teve de ser reinscrita no orçamento. Uma operação administrativa, que foi detalhadamente abordada nas reuniões de câmara. Voltar à carga, desta forma, revela a mais completa falta de honestidade intelectual.

As “acusações” de FCS (que vêm na senda do texto assinado coletivamente pelos vereadores do PS) revelam falta de ética e um completo desconhecimento das mais elementares regras de gestão municipal. E deixam à nossa imaginação pensar o que seria a governação de uma autarquia nas mãos de quem pensa existirem “sacos azuis” nas finanças camarárias...

O nosso caminho prossegue. Temos a decorrer o concurso para reabilitação do Pátio dos Rolins para habitação social; encomendámos o projeto de recuperação do Bairro do Carmo; abrimos outro concurso para a concretização de uma bolsa de estacionamento em frente ao Lar de S. Francisco; temos em curso as obras do Pavilhão das Cancelinhas e de reabilitação do Matadouro. Temos preocupações sociais que vão muito além da conversa fiada. Mantemos uma disposição firme de ultrapassar as dificuldades e de levarmos o concelho avante. É essa a nossa prática, traduzida em ações e não só em palavras.

Francisco Canudo Sena intitula os seus artigos de “O paradoxo da verdade”. Pois é, há políticos, como ele, para quem a verdade e a honestidade intelectual são um incompreensível paradoxo…

Santiago Macias
Presidente da Câmara Municipal de Moura

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