domingo, 8 de julho de 2012

PLÁCIDO DOMINGO


Um plácido final de semana, na realidade. Iniciado em Santo Amador, aldeia feita poema. Textos escritos ao longo das paredes. Como este:

Rio cristalino
nos bosques de cardos
lágrimas
dos peixes de ouro,
pranto, oh pranto,
sobre os precipícios.

Tão fundo é o rio
nos bosques de áruns
que se precipita
em voltas no abismo
- o rio estrondeia
por entre os loureiros.

Rio que eu amo,
leva-me, leva,
longe, tão longe,
pelo meio do campo,
sob as bátegas de chuva,
abraçado à amada.

Este está na Travessa do Lagar. Foi um longo percurso em final de tarde, entrecortado pelas vozes das mulheres e dos homens da aldeia.

Um pouco mais tarde, foi a vez de se inaugurar, no primeiro andar da Junta de Freguesia, uma bonita exposição de fotografia de Hugo Fernandes. A sala é banal mas todos os sítios banais têm momentos em que deixam de o ser. A exposição será vista noutros sítios.

A placidez dos dias continuou hoje, no Gargalão. Convívio da CDU em que se juntou quase uma centena de amigos. Com uma breve (breve, pelo padrão Fidel) intervenção do meu camarada José Pós-de-Mina, do Comité Central do PCP. E com uma visita a um sítio arqueológico, onde fomos levados pelo entusiasmo do José Gonçalo. Estas coisas são sempre meio esotéricas para os não-iniciados, mas ele lá mostrou aos céticos um fragmento de telha, que bate certo com a descrição feita por José Fragoso de Lima para os materiais de S. Pedro da Adiça, que fica do outro lado da ribeira:

“define, de manera geral, este tipo de teja curva la presencia de ornamentación incisa a lo largo de su cara exterior (…). En algunos casos, los bordes laterales  de dichas piezas cerámicas se presentan con cortes redondeados. Los citados ornamentos de la cara exterior los constituyen surcos sinuosos, algunos, por lo menos, al parecer, producidos con movimientos digitales” 

 

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