segunda-feira, 30 de julho de 2012

DE COMO A TUTELA LEVOU A SUA AVANTE E SANEOU O DIRETOR DO MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA

Conheço o Luís Raposo há cerca de 20 anos. Trabalhei com ele em dois projetos, dos quais conservo gratas recordações: as exposições Portugal Islâmico, em 1997/98 (no Museu Nacional de Arqueologia), e Lusa - a matriz portuguesa, em 2007 (no Banco do Brasil). Foi/é uma relação franca, que se tornou em amizade. Lembro-me que a exposição concretizada no MNA não foi isenta de tensões e de discussões, por vezes acesas. Tudo se ultrapassou, com pragmatismo, e ainda que com algum espalhafato à mistura (para alguma coisa somos mediterrânicos...).

O Luís Raposo colocou o MNA num lugar de destaque dos museus nacionais. Exposições, catálogos, conferências, ações de formação, ciclos de cinema, visitas guiadas, um número infindável de iniciativas marcadas pela qualidade. Concretiizadas com recursos financeiros diminutos. Como várias vezes tenho dito, e escrito, admiro imenso o trabalho do Luís à frente do MNA. Mais ainda, respeito a frontalidade com que defendeu princípios e convicções. Em especial no caso da Cordoaria. Bem como nas fundamentadas opiniões sobre a política museológica da Pátria. A tutela não gostou. A tutela não perdoou. Tentou, primeiro, uma não renovação à má fila. Aproveitou, depois, uma alteração da lei, para arrumar Luís Raposo. Um episódio triste. O Luís sai de cabeça erguida. Já a tutela...

E já que se fala no diretor que sai, aqui fica uma palavra de apreço e de votos de sucesso para o António Carvalho, um colega que se distinguiu pelo grande dinamismo que imprimiu à área cultural em Cascais. Oxalá a tutela o trate com respeito. Ele merece e o MNA precisa.

 

6 comentários:

Portugalredecouvertes disse...

nao conheço pessoalmente esse senhor masfaço votos para que em novas funçoes o seu trabalho possa ser valorizado

Anónimo disse...

Santiago, perdemos um BOM Diretor, mas ganhamos um excelente Arqueólogo. Bj
(Susana Bailarim)

Anónimo disse...

Só gostava de comentar que em toda esta polémica a gente parece esqueçer-se que a renovação dos cargos directivos das instituções são positivos, não lhe fica bem a una "democracia" crear cargos vitalicios com tem tido o Museu durante a sua história.

Santiago Macias disse...

Estou 100% de acordo. Deve haver concursos. Mas era escusado este espetáculo de uma demissão mesquinha e vingativa, a poucos meses da abertura de um concurso...

Anónimo disse...

concordo também que devam ser renovados os cargos, mas não esqueçamos tudo o que o Dr. Luis Raposo fez pelo MNA, e como Santiago Macias acima refere, com "poucos recursos". É de louvar toda a acção que Luis Raposo fez pelo MNA e é sempre triste ver estes resultados. era sem dúvida escusado todo este "espalhafato" à volta da demissão... mas enfim, é com tristeza que afirmo que é este o país em que vivemos....

Anónimo disse...

A substituição do Luís Raposo contrasta com o seu trabalho no MNA.
Esse trabalho, bem como o próprio MNA, estão em perigo devido aos tecnocratas (culturais?) que tomaram conta do nosso património.