domingo, 16 de outubro de 2011

ANNA BOLENA

A representação de Anna Bolena, ontem transmitida em direto para todo o mundo (e visionada na Fundação Gulbenkian em HD) deixou-me a certeza que, embora se perca a sensação do ao vivo, vale a pena aderir a esta globalização da ópera. O drama da segunda mulher de Henrique VIII, personificado por uma Anna Netrebko que fez o Metropolitan vir abaixo, trouxe-me três evocações, que se mantiveram noite dentro, estrada fora, até Mértola:
1. Não é o fim anunciado de uma narrativa que lhe retira interesse. Tal como o célebre início de uma das mais belas novelas do mundo - El
--> día en que lo iban a matar, Santiago Nasar se levantó a las 5:30 de la mañana para esperar el buque en que llegaba el obispo -, o mal-estar que anuncia o fim só traz maior intensidade à narrativa;
2. As palavras da ária Al dolce guidami (leva-me para o querido castelo onde nasci) aumentaram a incerteza dos últimos tempos. A arrepiante interpretação de Anna Neterebko pode ser ouvida aqui.
3. A história verdadeira de um miúdo alentejano que ficava boquiaberto com os coros verdianos nas Tardes de Ópera da RTP de outrora. Os pais achavam que o deviam levar a um especialista. Cresceu, casou e teve filhos. Mas a mulher ainda hoje lhe diz "você não era normal, pode ter a certeza disso...".


Sobre o Metropolitan de Nova Iorque: http://www.metoperafamily.org/metopera/

3 comentários:

babao disse...

Nos fomos ontem ver "Macbeth" de William Shakespeare...um pouco sanglant ; ))

Santiago Macias disse...

Nunca digas essa palavra num teatro...

babao disse...

I know...têm que se dizer "A peça escocêsa", senao da azar...

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Scottish_Play