segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

JOSÉ SÓCRATES

Podia ter começado o ano de outra forma mais descontraída, mas enfim... Foi assim. Não sei bem porquê, resolvi folhear de novo o livro Confissões, de José António Saraiva, antigo director do Expresso. No meio do ajuste de constas que o livro é, deparo com três ou quatro parágrafos verdadeiramente espantosos (e mais importantes ainda por terem sido escritos pelo ex-director do mais influente jornal português, grande conhecedor dos meandros da política da Pátria).
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Ora vejam:

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Passados uns anos percebi o "fascínio" (se assim se poderia chamar) de José Sócrates por [João Carlos] Espada. Quando saiu do Governo, após a demissão de Guterres, Sócrates foi fazer um estágio de Verão a uma universidade inglesa - e depois projectou fazer um mestrado em Londres. Ora Espada, para além das ideias quen defendia e com as quais Sócrates se identificava, representava esse espírito académico que atraía o futuro primeiro-ministro. (pp. 357-358)
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A conclusão de Sócrates era que na política não havia gratidão, os políticos por melhores que fossem saíam sempre enxovalhados - pelo que a actividade política não era compensadora, não lhe interessava nada nos próximos anos, querendo dedicar-se à vida universitária. (p. 359)
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No decorrer da conversa, Sócrates mostrou ingenuidade ao dizer que, num mestrado que estava a fazer em Londres, explicava como se cultivavam relações. Como se cultivavam relações - note-se - não numa perspectiva desinteressada mas com um objectivo instrumental e interesseiro. (p. 362)

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Estes parágrafos são todo um programa. Fiquei com curiosidade em relação ao mestrado em Londres, mas a biografia oficial do PM guarda sobre o assunto um prudente silêncio. Sublinhe-se que o livro saiu em 2006, antes do caso licenciatura.
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