quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SOBRE BARCOS

Qual a razão de um post? Nem sempre há uma. Talvez seja o caso deste. Para além do facto de gostar de poemas e de achar que a fotografia de Werner Bischof não é suficientemente conhecida nem se lhe fazer a devida justiça. "Um barco / atracado ao cais / é sempre / um sonho preso" diz, com razão e sensibilidade, o meu amigo Luís Filipe Maçarico.
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A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado?
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Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastamento, no divino
Amplexo da manhã, puro e salgado.
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Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.
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Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.
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Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'
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2 comentários:

Anónimo disse...

www.alquevaline.com

Anónimo disse...

Estimado Santiago, mandei-te por brincadeira, já que o post era sobre barcos, o endereço url da alquevaline, mas se não o colocares, nem levo a mal e perceberi a tua atitude.

Um abraço.
Humberto Nixon