sexta-feira, 26 de março de 2010

MEIN TONY: I CAN WALK!

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O recente falecimento de Michael Foot (1913-2010) foi tema de um post do interessante blogue Duas ou três Coisas. Enviei, a respeito desse texto, o seguinte comentário:
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Também pensava que Michael Foot tinha desaparecido há muito. Até para um jovem universitário da altura era mais que claro que o estilo lunático e o ar excêntrico de Foot nunca o levaria ao poder. Se bem se recorda (não tenho dúvidas que sim!) pontificava na altura na ala radical do "Labour" um outro político amalucado que dá pelo nome de Tony Benn.
Michael Foot, apesar da sua impossibilidade de chegar ao poder tinha aquele estilo genuíno e franco dos que estão destinados a perder. Confesso, ainda assim que o prefiro, a ele ou à própria Thatcher, a Tony Blair. O que conquistou o poder, mas perdeu a alma. Coisas que acontecem.
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O autor do blogue recomendou-me a leitura de uma entrevista realizada por Johann Hari, na altura em que Foot tinha cumprido 90 anos.
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O texto em questão é interessantíssimo. Não só pelo relato muito pessoal que Foot faz da sua passagem pela liderança do Partido Trabalhista como, em particular, da avaliação de Foot sobre Tony Blair. Este é o parágrafo decisivo:
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Yet Foot does not buy into the idea that Tony Blair deliberately deceived the British people. “I haven’t the slightest doubt that Blair was sincere [about WMD],” he explains. “I watched his Commons speech about this, and it isn’t easy to make a speech like that on an occasion like that with implications like that. He was obviously sincere and he obviously made up his mind on the evidence. It doesn’t justify what they did in my opinion. They should have still been trying to think of another way out. It was a terrible mistake, but it was a mistake honestly made.
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Ou seja, Foot acreditava na sinceridade de Blair. Os tempos recentes têm vindo, em especial com as recentes participações em conferências para explicar como ganhar dinheiro, a dar os verdadeiros contornos da criatura. A política internacional não é sítio para boas almas nem para virgens ofendidas? Decerto que não. Mas Tony Blair tem levado a palavra cinismo, com a sua indiferença ante a destruição, a patamares nunca antes atingidos. O final do filme Dr. Estranhoamor assenta-lhe bem.
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