quarta-feira, 29 de julho de 2009

BARCA BELA

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?
.
Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!
.
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!
.
Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Oh pescador.
.
Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!




Deve ser exagero meu, mas dá-me a sensação que hoje Almeida Garrett (1799-1854) não é lido pelos mais novos. Barca bela é um poema que fazia parte do meu livro de leitura da 4ª classe. Admito que o poema, para os meus 10 anos, soava um pouco disparatado. Hoje, 35 anos, faz muito mais sentido. A leitura de O velho e o mar acentou esta aura do pescador solitário de que fala o poema. Não consigo encontrar melhor que a fotografia de Pierre Verger para acentuar as palavras de um dos nossos maiores românticos. Verger também o foi, claro está.

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