sexta-feira, 31 de julho de 2009

MOURA E O FUTURO - III

MOURA – PROJECTO PARA O CENTRO HISTÓRICO APROVADO
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A Câmara Municipal de Moura acaba de ver aprovado o projecto que apresentou à CCDRA no âmbito do concurso Parcerias para a Regeneração Urbana. O projecto, com um montante global de 9.204.000 euros poderá vir a obter uma comparticipação máxima de 4.743.000 euros, devendo ente montante vir a ser acertado com a CCDRA numa negociação a encetar em breve.
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O projecto, liderado pela Câmara Municipal de Moura, envolveu treze entidades e permitirá agora o desenvolvimento de um importante conjunto de projectos, de iniciativa pública e/ou privada. O plano, intitulado Regeneração Urbana do Centro Histórico de Moura, tem uma forte componente de intervenção social, e uma vez que se considera essencial a fixação de população e a melhoria das condições de vida nos bairros mais antigos da cidade. Incluem-se na programação obras já em curso, como a reabilitação do edifício dos Quartéis, e outras prontas a lançar, como o edifício de recepção ao turista no Castelo de Moura. Fazem ainda parte do projecto acções tão diversificadas como a requalificação do jardim Dr. Santiago ou da Piscina Municipal, a criação de linhas para o mobiliário das esplanadas, a reabilitação do espaço público da Mouraria ou os arranjos exteriores do edifício dos Quartéis. O número total de acções previstas ascende a 35, devendo o plano de trabalhos prolongar-se até meados de 2012.
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A aprovação desta Regeneração Urbana do Centro Histórico de Moura conjuga-se com outras iniciativas em curso, designadamente as acções do projecto Moura – 3000 anos de História, que conta com o apoio da Secretaria de Estado do Turismo.

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Fotografia de António Cunha

quinta-feira, 30 de julho de 2009

DELEITOSA E LAS HURDES

William Eugene Smith (1918-1978) foi, certamente, o primeiro fotógrafo que admirei de forma incondicional. Conheci-o através de um trabalho de cariz biográfico, publicado na desaparecida revista brasileira Manchete. W.E. Smith teria nessa altura poucos mais de 50 anos e era, desde há muito, uma celebridade com grande reputação no fotojornalismo mundial. De entre as fotografias publicadas impressionaram em particular os meus 9 ou 10 anos a imagem de um velório e a face de três guardas civis. Embora Paymogo não correspondesse, no início dos anos 70, à imagem de extrema pobreza da aldeia de Deleitosa (Cáceres) não estava, em muitos detalhes, assim tão distante.
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A pobreza, a ditadura franquista, um país a recuperar da guerra civil, o isolamento e a omnipresença da fé, de tudo isso nos fala Smith com o poder das imagens. Não sei se o fotógrafo foi levado à Deleitosa por um estranho e invulgar acaso ou se teria, porventura, visto o documentário de Luis Buñuel, Las Hurdes - Tierra sin pan, rodado no início da década de 30 num local não muito longe da aldeia que ele próprio celebrizaria.
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Deleitosa tem hoje um alcalde do PSOE. Passarei por lá um dia destes para ver o que mudou na aldeia em quase 60 anos. Já agora, aquela moça de cara bonita que está no centro do velório chegou a ser contactada pelos estúdios de Hollywood. Nunca quis deixar a sua aldeia.
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A revista Life, para a qual W.E. Smith trabalhava, já desapareceu. Não há, que eu saiba, nenhuma página web sobre o fotógrafo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

MOURA E O FUTURO - II

A Câmara Municipal de Moura acaba de ver aprovado, no âmbito de um concurso, o projecto Regeneração Urbana do Centro Histórico de Moura. Darei amanhã informação circunstanciada sobre esta iniciativa, bem como as intervenções que a mesma permitirá.
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É assim que se responde ao

APPLE

A vida sob o signo Macintosh. Este texto é uma pequena homenagem à genialidade de Steve Jobs (n. 1955) e à excelência dos produtos que a Apple faz sair ano após ano. O iPod é o exemplo acabado do que acabo de dizer.
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O primeiro Mac quase completamente compatível com os PC foi o Classic. Comprei um em 1990, com um contrato de leasing que levou dois anos a pagar, pela absurda verba de 420 contos (2100 euros). Era a única forma de redigir a tese de mestrado e de ter alguma autonomia. O disco tinha a extraordinária capacidade de 40 mega. Não se riam sff...
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O Mac seguinte foi o LC (que ainda deve andar lá pelo Campo Arqueológico de Mértola). Resistem ainda o iMac G4 (comprado para a tese) e o iBook G4, este último fiel companhia nas andanças entre Moura e Mértola durante os últimos anos...
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O que é que os Mac têm de diferente? Fiabilidade, estética (sim, estética!), facilidade de utilização, cor e uma criatividade sem limite (o que os outros têm os Mac tiveram antes). São caros? Pois são. Os Mercedes também. Mas são melhores que os outros.
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Sobre a Apple ver:

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Logo original da APPLE

BARCA BELA

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?
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Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!
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Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!
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Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Oh pescador.
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Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!




Deve ser exagero meu, mas dá-me a sensação que hoje Almeida Garrett (1799-1854) não é lido pelos mais novos. Barca bela é um poema que fazia parte do meu livro de leitura da 4ª classe. Admito que o poema, para os meus 10 anos, soava um pouco disparatado. Hoje, 35 anos, faz muito mais sentido. A leitura de O velho e o mar acentou esta aura do pescador solitário de que fala o poema. Não consigo encontrar melhor que a fotografia de Pierre Verger para acentuar as palavras de um dos nossos maiores românticos. Verger também o foi, claro está.

terça-feira, 28 de julho de 2009

ARGENTEUIL - HOJE...

Página oficial do Município de Argenteuil:
www.argenteuil.fr

BLITZKRIEG SOBRE O CHÃO DA LAGOA

O PND vai à Sérvia e compra um zeppelin. Tenta pô-lo a voar durante o comício de Chão da Lagoa, na ilha da Madeira. O zepellin tem umas frases pouco simpáticas para com a governação na ilha de Jardim. O zeppelin é abatido a tiros de carabina.
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O acto em si escapa à lógica normal de uma democracia, mesmo se tivermos em conta os bizarros conceitos do governador Jardim. O que se passou a seguir? Nada. Os jornais falaram do assunto en passant. Nas edições online o assunto já quase morreu. Daqui a 24 horas o tema estará enterrado.
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Aparentemente, e se tivermos em conta o silêncio dos media, não é assim muito invulgar se se abatem zeppelins a tiros de carabina num país europeu.
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Já imaginaram o berreiro noticioso se um caso destes ocorresse no Brasil ou na Nigéria? Podem começar a cogitar manchetes se faz favor.
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segunda-feira, 27 de julho de 2009

BALANÇO - POST 300

Algumas contas, desde dia 7 de Dezembro de 2008:
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300 posts
32.855 visitas
141 visitas/dia
23 seguidores
30 países em 5 continentes
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Posts mais comentados:
Moura e o futuro (24.7.09) - 10 comentários
220.346 (22.6.09) - 10 comentários
José Tomás (16.6.09) - 8 comentários
Ninguém é obrigado a gostar de Moura (16.4.09) - 8 comentários
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A política leva a palma a tudo o resto...
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Temas a quem ninguém ligou nada e que até acho que não são maus de todo:
Variações sobre o tema de Olympia
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Hermanos Vargas
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O almoço na relva
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Quando a luz não projecta sombra
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Continuaremos por aqui. Dentro de dois dias serão anunciadas coisas importantes sobre o concelho de Moura. Deve haver chuva de comentários...

domingo, 26 de julho de 2009

PAISAGISMO - A PROAP EM MOURA

Leia-se o blogue de Rafael Rodrigues e constate-se que a equipa que acaba de ganhar um concurso público internacional junto à capital espanhola é a mesma que está a trabalhar com a Câmara Municipal de Moura. O projecto de João Nunes, um dos responsáveis da PROAP, teve de levar de vencida 165 concorrentes.
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Os projectos no nosso concelho localizam-se em Moura e Amareleja.
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Ver mais sobre o percurso desta equipa em:
www.proap.pt

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MOURA E O FUTURO

Um documento oficial e um texto na revista Visão. Sete notas muito directas:
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1. É interessante a comparação do volume de investimento de base económica apoiado por Fundos Comunitários QCA III no Baixo Alentejo;
2. É interessante constatar que o concelho de Moura é responsável por 40% desse investimento e que só é suplantado por Beja no número de projectos apresentados;
3. É interessante fazer a comparação com "os outros concelhos", essa entidade misteriosa com a qual o concelho de Moura é frequentemente comparado, em termos negativos;
4. É interessante verificar que o concelho de Moura ganhou nos últimos anos uma notoriedade positiva que antes não tinha e que, ao contrário do que alguns políticos analfabetos afirmam, uma câmara comunista não só não afasta investidores como é capaz de atrair investimento;
5. É interessante ver que aqui se gera emprego e há projectos de dimensão e reconhecimento internacionais, lançados pela Câmara Municipal de Moura;
6. É importante a esperança e a expectativa que esses êxitos suscitam, a ponto de estar a ser desenvolvido um novo projecto, agora com a MARTIFER;
7. Sinto-me feliz pelo modestíssimo contributo que pude dar a muitos desses processos.

Já agora, e a talhe de foice, a intervenção da Câmara Municipal vai muito para lá da central fotovoltaica. A lista circunstanciada da obra feita e dos projectos desenvolvidos / aprovados / em curso / em conclusão em todas as freguesias do concelho é vasta e será exposta neste blogue nas próximas semanas.

Viva o Presidente Pós-de-Mina!


quinta-feira, 23 de julho de 2009

FILMING OTHELLO

Othello é a obra-prima sobre o ciúme. Orson Welles (1915-1985) concebeu, em 1952, uma primorosa versão da obra de Shakespeare. O murmúrio honest Iago ecoou na minha cabeça durante muito tempo. Welles tinha aquela capacidade única de conferir a cada sílaba a necessária e precisa entoação. Apesar da sua certeza sobre a “honestidade” do seu servidor, a forma como Welles pronuncia as palavras deixa-nos em suspenso.
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O sol e as luzes fortes de Othello aumentam o tom da tragédia e dão um ritmo de ópera a toda a trama. Essa imagem intensifica-se um pouco mais se lermos o filme à luz do documentário Filming Othello, que o próprio Welles realizou algumas décadas mais tarde (1978). Aí se explica, com toda a auto-complacência do mundo, como foi possível levar a cabo a missão impossível de fazer um filme no fim do mundo, quase sem dinheiro e sem guarda-roupa (!). Veja-se o excerto que se reproduz mais abaixo para se entender parte da questão.
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O trajecto de Orson Welles tem muito de borgesiano. Encontrar os seus filmes não é menos difícil. Othello está disponível na amazon por cerca de 13 dólares. Estou certo que seu realizador adoraria saber que a versão à venda é produzida na Ásia, com som original e legendas em coreano… Tentar encontrar o documentário foi, até agora, um esforço sem retorno. Aparentemente, terá sido lançada, há já uns anos, uma versão em DVD. Não tenho a certeza que assim seja, uma vez que os direitos do documentário estavam também envolvidos numa complexa batalha jurídica. Num site (
http://www.wellesnet.com/phpbb2/viewtopic.php?p=16312&sid=62d65f7c98a4224722888f73b78a8094#p16312) somos informados que o dvd está à venda. Remetem para http://www.raredvds4sale.co.uk/. Mas nessa página encontramos a mensagem CLOSED UNTIL FURTHER NOTICE. Welles também gostaria de ver os seus admiradores perdidos num labirinto, disso estou certo…
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No youtube o filme é visível, em dez "bobines". Há na net sites onde se faz o download. Não sei se funciona porque nunca fiz nenhum download de filmes ou músicas na net...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

ROMA IX - CAMPUS VATICANUS

Um dos sítios mais extraordinários do Museu do Vaticano era a escada helicoidal metálica. Entrava-se por uma, saía-se por outra. O barulho das centenas de passos, aquele tropel surdo, davam à entrada no museu um intróito perfeito. A escada está hoje semi-desactivada e é apenas um percurso optativo para se sair. É pena, porque havia ali qualquer coisa de original e único que se perdeu.
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O percurso era, é, longo e caótico. Passagens estreitas, escadas e mais escadas, peças óptimas e outras péssimas. Um sector de arte contemporânea dispensável. No meio de tudo, surge, na Pinacoteca Vaticana, um quadro em que nunca tinha reparado (mea culpa): o San Girolamo, pintado em 1480 por Leonardo da Vinci. O mais espantoso nesta representação jeronimita é a sua modernidade e o domínio absoluto da técnica do desenho.
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Um pouco a norte do Vaticano fica o antigo mausoléu de Adriano. Muito modificado por sucessivas adaptações deixa-nos, apesar da passagem dos séculos, a perfeita imagem do que foi a eternidade de um dos nomes maiores da história do Império Romano. Há diversas reconstituições. Deixo aqui uma delas, aproveitando para dizer que do alto do mausoléu (hoje conhecido como Castel Sant'Angelo) se tem uma das melhores vistas sobre Roma.
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Sobre o Museu do Vaticano:
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Sobre o Castel Sant'Angelo:

terça-feira, 21 de julho de 2009

CORTO MALTESE

Tenho uma velha amiga que diz sempre que era capaz de ter uma aventura com o Corto Maltese. O marido ri-se e responde vá lá que a fantasia é de papel. Percebo a lógica. Adapta-se-lhe na perfeição a velha frase nice guys finish last. O marido é um nice guy...


Os livros de Hugo Pratt (1927-1995) merecem leitura atenta. Em especial os da saga do aventureiro Corto Maltese. O próprio Pratt estava longe de ser um menino de coro. Há um site sobre ambos:

segunda-feira, 20 de julho de 2009

ROMA VIII - VIMINALIS

Um pouco a oriente do Viminal fica o Museu Nacional de Arte Oriental Giuseppe Tucci. Fui ao engano. Pensava ver arte sículo-normanda (há um par de anos que “persigo” uma arqueta muito semelhante à do Museu de Moura e tenho a sensação de a ter visto numa exposição em que estavam materiais do Giuseppe Tucci – são os riscos de não tomarmos notas e de nos fiarmos na memória…) mas a verdade é que nem uma peça estava exposta. Nem uma, para amostra.
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Passei rapidamente os temas que não me interessam por aí além – artes khmer, japonesa, tibetana etc. – para me concentrar uns momentos nos resultados das escavações realizadas pelos italianos no Afeganistão há uns 40 anos. A arte palatina desse mundo, apesar da distância geográfica e das diferentes paternidades de estilo, não deixa de ter um certo ar de família com a de sítios como Sabra Mansuriya ou mesmo Madina az-Zahra, ainda que Ghazni seja um pouco mais tardia (início do século XII). É grande, o Mediterrâneo…
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Em que estado estará hoje o sítio arqueológico de Ghazni e o que outrora se escavou do palácio de Mas’ud III?


Painel de revestimento em mármore esculpido

Pátio central do Palácio de Mas’ud III

O Museo Nazionale d'Arte Orientale "Giuseppe Tucci" fica na Via Merulana, 248 (Palazzo Brancaccio).
http://www.museorientale.it/

LUA

Foi há 40 anos. Pelo nosso fuso horário é só amanhã de madrugada. Pouco importa, porque o dia oficial é o 20 de Julho. Não haverá aqui bandeiras, nem módulos lunares, nem frases para a História. Uma fotografia da lua e um bonito poema de Cecília Meireles são suficentes para recordar um marco da História da Humanidade.


Lua Adversa
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Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
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Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
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E roda a melancolia
seu interminável fuso!
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Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...).
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
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Cecília Meireles

sábado, 18 de julho de 2009

ROMA VII - PALATINUS

Sobre o Palatino estão os restos de vários palácios. Para oriente fica a plataforma irregular de um dos fora. Os sítios são feitos de recordações. Rio sozinho quando olho as ruínas e ali “vejo” o grande Totò (1898-1967) num filme antigo. À falta de melhor para ganhar a vida, e iludir a penúria, Totò fazia-se passar por guia turístico, suposto especialista na Roma Antiga. Por entre o ar aparvalhado dos estrangeiros, Totò improvisava, articulava duas palavras em inglês e dizia coisa nenhuma. Era nessa altura que a minha mãe entrava na sala e se zangava porque as minhas gargalhadas não a deixavam dormir a sesta nas tardes dominicais de Verão…
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Hoje a cena não muda muito: um guia, esquecido do esplendor da Roma Imperial, aponta uma escada e diz: “Foi por ali que o Gregory Peck desceu no filme Roman Holidays”. Os americanos ficaram contentes. Disseram oh, gosh e coisas do género.
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Filme por filme, sempre é preferível o inesquecível Viaggio in Italia, de Roberto Rossellini (1906-1977). Data de 1954 e conta-nos a história de um casamento em crise, que se afunda sem retorno, por entre o sol de Nápoles, as ruínas de Pompeia e a arte romana. Os actores eram George Sanders (1906-1972) e Ingrid Bergman (1915-1982). O diálogo que vos deixo tem recorte pinteriano e dá o tom de desalento que perpassa pela viagem e pelo casamento.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

DIAS DE FESTA

E a partir de hoje, e até à madrugada de terça-feira, Moura entra em ebulição. São as Festas Anuais em Honra de Nossa Senhora do Carmo. As festividades tiveram início ontem - 16 de Julho é o dia da padroeira - mas é a partir de hoje que os expatriados começam a chegar.
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O programa completo está no site da Rádio Planície:
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Fachada da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Moura. A autora da fotografia é Fernanda Simões. Podem seguir outros trabalhos seus a partir deste link:
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PORTUGAL MEDITERRÂNICO

E dia 22 ao final da tarde é o momento para o workshop sobre o Portugal Mediterrânico na Fundação Millenniumbcp. É sempre bom rever amigos e partilhar ideias.


ROMA VI - CAELIUS

Mescolati, non agitati. O anúncio estava por toda a parte, em Roma. A sul do monte Célio, e mesmo em frente às Termas de Caracala, havia festa política, numa iniciativa que se prolonga por várias semanas. Era do Partido Democrático, dos ex-comunistas, que hoje se juntam a outros sectores do centro-esquerda. Ou vice-versa, já não tenho bem a certeza. Os resultados até agora não têm sido brilhantes. Nem politicamente, nem eleitoralmente. Tentei convencer o gineceu a passar por lá. Levei tampa.
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Em todo o caso, não fiquei demasiado pesaroso. Fazer trocadilho com uma frase célebre dos filmes do 007 ainda vá que não vá. Que se proponha, logo à partida, não agitar, já me parece pior...


terça-feira, 14 de julho de 2009

665.000 EUROS PARA 3000 ANOS DE HISTÓRIA

A notícia chegou hoje e é motivo de orgulho para a Câmara Municipal de Moura e para o nosso concelho.

O projecto intitulado Moura - 3000 anos de História, apresentado pela autarquia ao Instituto de Turismo de Portugal, obteve um financiamento de 665.000 euros, o que permitirá dar um novo impulso ao programa de requalificação e valorização do património cultural que a Câmara Municipal tem em curso.
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O secretário de Estado do Turismo homologou no âmbito do Programa de Intervenção do Turismo (PIT Linha I) a atribuição de um incentivo superior a 665 mil euros.O projecto de requalificação compreende obras de reabilitação na Igreja de São Francisco, a concretização do Jardim das Oliveiras e o financiamento das obras do Edifício dos Quartéis (datado do início do século XVIII). No Castelo de Moura irá ser construído um edifício de recepção ao turista. A reformulação da sinalização turística de Moura e a criação de um plano de promoção e divulgação, são acções que estão igualmente previstas neste processo que tem como objectivo criar o circuito turístico Moura - 3000 Anos de História.
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Cabe aqui clarificar que a proposta apresentada ao ITP abrangeu um conjunto de outras acções, nalguns casos já executadas (e portanto não susceptíveis de financiamento) e noutros integradas no pacote de financiamento do QREN. Ou seja, a ideia é criar um conjunto de iniciativas que permitam, num futuro próximo, ter uma compreensão global do passado da cidade e do concelho. E, bem entendido, colocar estes equipamentos e planos de promoção ao serviço do desenvolvimento do concelho.
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A saber:
Reabilitação do Pátio dos Rolins
Reabilitação da Igreja do Convento do Espírito Santo
Obra do Museu Gordilho
Obras da alcáçova do castelo
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Somam-se a estas outros projectos, que irão ser concluídos e postos em prática:
Museu Municipal (antigo matadouro)
Biblioteca Municipal (antigo grémio)
Convento do Carmo (processo de negociação em curso)
Iluminação das muralhas do castelo (em fase de contratação)
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Fachada da Igreja de São Francisco

Mais informação em www.publituris.pt

LE ROI SOLEIL

"Et si l'Europe se chauffait avec le soleil du Sahara", titula hoje, em primeira página o quotidiano parisiense Le Monde. É interessante o tema, tendo em conta que há um projecto de energia solar de grande dimensão em funcionamento no concelho de Moura e outro em fase de estudo e negociação. Mais interessante se torna o tema quando verificamos que foi uma Câmara Municipal de pequena dimensão, como a de Moura, a tomar a dianteira nesta área. Voltarei várias vezes a este tema ao longo do Verão.
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O projecto em torno das centrais termo-solares no Sahara vai levantar um conjunto de importantes questões, para as quais não há, neste momento, a mínima resposta:

1. Como resolver, na prática, o problema do financiamento do projecto (400 biliões de euros)?

E admitindo que esta é a parte menos complexa ficam questões sensíveis para ultrapassar:

2. Qual o grau de envolvimento dos países abrangidos pelo projecto? A instabilidade está na ordem do dia no Mali (recentemente classificado como o Afeganistão de África...), no Níger, na Argélia, na Mauritânia etc.

3. Qual a dimensão de desenvolvimento e progresso social que o projecto comporta? A expectativa é suprir as necessidades energéticas da Europa até 15%. Temo que as contrapartidas se fiquem, do lado africano, ao nível de elites claramente corruptas e que o são com a conivência, beneplácito e apoio dos neo-colonialistas europeus.

4. O projecto estende-se também ao Egipto, ao Sudão e ao deserto de Nefud. E, se a minha leitura do mapa bate certo, até ao Yemen.
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Siga-se, pois, este projecto com toda a atenção. O futuro é feito de desafios arriscados...

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Actualização da informação em:

www.lemonde.fr

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ROMA V - CAPITOLINUS

Capitólio ou Campidoglio. Miguel Ângelo resolveu genialmente a planimetria da praça, acentuando o efeito da perspectiva. Não foi, no entanto, a praça, ou o Museu, ou (heresia das heresias) a estátua de Marco Aurélio que mais me chamou a atenção. Acho muito mais divertido o Teatro de Marcelo, uma obra do século I a.C. O edifício, de vetusta idade, ainda é habitado! Confira-se a fotografia.
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O teatro fica no sopé do Capitólio, na Via del Teatro di Marcello.
O nome homenageia a memória de Marco Cláudio Marcelo, filho de Octávia, irmã de Augusto, e de Caio Cláudio Marcelo.

CRISIS? WHAT CRISIS? - II

O bonito e emblemático Hotel Guadiana, em Vila Real de Santo António, foi selado no início deste ano. Há um aviso do tribunal à porta e um certo ar de abandono no imóvel. Mais uma notícia triste.

MARTE ATACA

Quem sabe, sabe. O Prof. Luís Moreira, designer de comunicação, analisa um dos mais recentes cartazes do Partido Socialista.
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Vale a pena ler em:
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Já agora, Juntos conseguimos não é só uma remake frouxa do Yes, we can. Recorda o Juntos vamos conseguir, slogan, em 1980, da Frente Republicana e Socialista (PS + UEDS + ASDI), um dos maiores flops políticos de Mário Soares.

ROMA IV - AVENTINUS

Um pouco a sul do Aventino fica um dos mais extraordinários e menos visitados monumentos de Roma. O Monte Testaccio é uma colina articial de várias dezenas de metros de altura. É composta por muitos, muitos milhões de fragmentos de ânforas, vindas da Tripolitania, da Hispania e de todas as outras partes que possamos imaginar do Império. O ventre desmesurado de Roma assim se alimentava. Os produtos chegava à capital e aí eram gulosamente consumidos. Não havendo a mínima ideia do que significava a palavra reciclagem as embalagens iam sendo despejadas no limite da cidade. Assim foi feito, século após século. Assim se fez o Monte Testaccio. E ainda que as redondezas não sejam das mais amigáveis de Roma vale a pena ver aquele sítio, exemplo acabado da impossibilidade de qualquer tentativa de arqueologia.

domingo, 12 de julho de 2009

ROMA III - ESQUILINUS

O Esquilino é, seguramente, mais conhecido pela Domus Aurea e pelo Coliseu, que está no seu sopé. Vale a pena olhar mais para lá dos monumentos conhecidos e espreitar o passado cristão de Roma, visível em vários pontos da colina. Por detrás do rumor dos sítios turísticos fica a encantadora basílica de Santa Prassede, uma estrutura do século IX construída sobre outra do século V. O templo fica a menos de 200 metros de Santa Maria Maggiore. Estranhamente, quase ninguém visita aquela jóia da Roma medieval. A mesma sorte quase está reservada ao Baptistério de S. João de Latrão. A basílica foi a sede da Igreja Católica até ao reconhecimento do Estado do Vaticano, em 1929. O seu baptistério, com origem no século IV, é célebre pela planta octogonal e pelos mosaicos da sala anexa. Os visitantes, contudo, não abundam. O que é pena, porque os mosaicos de Roma dão inúmeras pistas para as relações entre Ocidente e Bizâncio e é olhando o ouro dos tectos que percebemos um pouco melhor o Oriente e o fascínio que este exerceu durante muitos séculos.


Baptistério de São João de Latrão

Mosaico na Basílica de Santa Prassede

Um dos melhores pontos para jantar neste bairro de características algo populares é a esplanada da Trattoria Luzzi (Via di San Giovanni in Laterano, 61). Não vale a pena procurar sofisticação; come-se bem – tente-se a frittura di calamari e gamberi – e por preços decentes mas o grande espectáculo é o desempenho dos empregados.

sábado, 11 de julho de 2009

EDGAR MARTINS

E eis que, subitamente, estala a polémica e um trabalho encomendado a Edgar Martins pelo New York Times foi retirado da página on-line do jornal por ter sido retocado com Photoshop. O tema não é novo e quem não tiver pecado que atire a primeira pedra. Não creio que valha voltar-se à vaca sagrada do respeito pela integralidade do negativo. Devo dizer que nunca fiz caso de tal dogma e que várias vezes re-enquadrei, nomeadamente para publicação, aquilo que me pareceu necessário.
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As perguntas são simples:
1. Havia algum acordo prévio sobre o uso do Photoshop no caso do projecto de Edgar Martins?
2. O acerto das imagens era decisivo? Pelo que vi publicado no Expresso diria que não...

Os limites do conceptual são difíceis de definir e a questão está, também, em saber se o que nos é apresentado foi apenas retocado ou é produto de uma manipulação em computador. para se claro, das duas uma: ou o trabalho sobre os aeroportos é resultado de um brilhante trabalho técnico de medição de luz e uma calculada exposição prolongada, ou então...

VASCO PULIDO VALENTE E A EXTREMA-ESQUERDA

Vasco Pulido Valente escrevia hoje no Público sobre o espantoso resultado eleitoral do BE e do PCP nas eleições europeias. No meio de algumas lúcidas reflexões sobre o passado recente de Portugal e sobre as perspectivas futuras da Pátria alguma coisa escapou a VPV.
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Atrevo-me a dizer que há aspectos da sociedade portuguesa que não chegam à sala de dentro do Gambrinus. Conviria que a leitura dos mais recentes fenómenos sociais e eleitorais fosse feita à luz de outros dados. O VPV que faça o percurso da linha de Sintra de vez em quando que logo percebe...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

UM CONTRIBUTO DA IMPRENSA PARA O ASSASSINATO DA DEMOCRACIA

Por norma, vale a pena ler o que António Vilarigues escreve no Público às sextas-feiras. É das raras vozes discordantes num panorama de unânime capitulação. O artigo de hoje, cujo título usei para este post, sobre as manigâncias e silêncios em torno do putsch hondurenho, é de uma clareza meridiana. E explica como os órgãos de comunicação manipularam a informação no processo de deposição de Manuel Zelaya. É que António Vilarigues pensa e escreve de forma clara e inteligente. Veja-se o seu blogue:

http://ocastendo.blogs.sapo.pt/

CIDADE DO ILUMINISMO

As pancartas na auto-estrada anunciam Vila Real de Santo António como a cidade do iluminismo. Engole-se em seco ao chegar à simpática localidade. Na verdade, o que há é uma memória, no sentido fúnebre da palavra, do que foi a vontade e o génio do Marquês de Pombal. Resta apenas o traçado da urbe setecentista e um punhado de bons exemplares de arquitectura vernacular, no meio da mais completa javardice "arquitectónica".
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Nem tudo, em tempos recentes, foi mau. Repare-se nestes dois edifícios dos anos 50/60, antes ainda de se ter começado a chacinar o litoral (o de cima fica na Rua Camilo Castelo Branco, o de baixo na esquina da Rua Eça de Queirós com a Rua de Ayamonte):
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O Prof. Doutor José Horta Correia é autor de uma notabilíssima dissertação sobre a cidade setecentista. Foi editada pela Universidade do Porto em 1997 sob o título Vila Real de Santo António: urbanismo e poder na época pombalina.

MÉRTOLA NO MILLENNIUMBCP

O prometido é devido. Eis uma breve "reportagem" (fotografias e vídeo) da inauguração da exposição Mértola - último porto do Mediterrâneo.




quinta-feira, 9 de julho de 2009

X X X

Sexo no cu...me, As campeãs do deboche, Perversões nas Caraíbas, Orgia no convento. São estes alguns dos títulos que vi ontem à venda num hiper-mercado, mesmo ao lado das pastilhas elásticas e das caixas registadoras. Claro que já vi filmes porno. Sou pouco dado a hipocrisias ou a falsos moralismos. E hedonismo até é uma palavra simpática. Fica-me, porém, a dúvida se um hiper será o sítio mais adequado para a venda de pornografia. A senhora que, embaraçada, arrastava um miúdo aos gritos, Ó mãe, aquele filme “A rainha do anal” é o quê? Diz lá! é o quê? está, decerto, de acordo comigo.

AUTO-CHORA

António Chora, da Comissão de Trabalhadores da AUTOEUROPA e dirigente do Bloco de Esquerda, fez ontem declarações extraordinárias e hilariantes ao Diário de Notícias:

  1. “Posso dizer que nem medi as consequências de ter participado no jantar [de despedida do ex-ministro Pinho]”;
  2. “Precisamos de um ministro igual a este”;
  3. “É um partido [o BE] onde não se ensina a odiar ninguém, contrariamente ao outro onde militei (PCP)”

Quando Chora diz que precisamos de um ministro igual a este refere-se a quê? À vocação tauromáquica? Ao facto de Pinho gostar de fotografia?

Espero poder viver o suficiente para seguir e apreciar o cursus honorum deste e de outros protagonistas que por aí saltitam…

Pela parte que me diz respeito estou desde as 9 da manhã a tentar ligar para a Soeiro para saber se há algum Curso de Introdução ao Ódio Pessoal que seja obrigatório frequentar. É que não me apetece nada entrar nesse tipo de cobóiadas. Tenho tantos amigos de direita, pá…

terça-feira, 7 de julho de 2009

MÉRTOLA - O ÚLTIMO PORTO DO MEDITERRÂNEO

Abre hoje ao público e estará patente até final de Agosto a exposição Mértola - o último porto do Mediterrâneo.
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Local - Rua Augusta, 96 (Lisboa)
Horário - 10 às 17 (segunda a sábado)
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Press-release da exposição:
Esta inauguração conta com a presença de Fernando Nogueira, secretário-geral da Fundação Millennium bcp, Cláudio Torres, Director do Campo Arqueológico de Mértola, e Santiago Macias, historiador e investigador, autor da exposição. “Mértola – o último porto do Mediterrâneo” traz a público, sob a forma de vestígios arqueológicos, as memórias dos territórios de Beja e Mértola, entre os séculos V e XIII, período marcado pela ocupação islâmica.
Os painéis e vitrinas da exposição debruçam-se sobre a vila-museu, identificando a topografia de Mértola e a sua evolução ao longo dos séculos. Para além das principais características da islamização do território, apresenta-se a sua permanente ligação ao Mediterrâneo (Mértola era um porto de mar onde se falava grego, latim, hebraico e árabe, e ponto de encontro de comerciantes, aventureiros, mercenários e religiosos, oriundos de toda a parte) e os traços de continuidade histórica e social do ocidente peninsular.
Resultante de um trabalho de pesquisa encetado em 1978 pelo Campo Arqueológico de Mértola, nesta exposição há ainda lugar para a reconstituição em 3D da basílica do Rossio do Carmo (século V) e do bairro islâmico (século XII). “Mértola – o último porto do Mediterrâneo” estará patente ao público, sob a coordenação da produtora TerraCulta Lda, até 28 de Agosto, de segunda a sábado das 10:00h às 17:00h, no Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (NARC), um espaço arqueológico por excelência gerido pelo Millennium bcp, que, ocupando quase por inteiro um quarteirão pombalino da baixa de Lisboa, percorre 2.500 anos da história da cidade.


Espero poder disponibilizar imagens hoje ainda...

Ó LISBOA

"Ó!, Lisboa do Tejo e das viagens,
Onde é mais fundo o Céu, há mais azul.
Perspectivas de sonho e de miragens,
Já voei sobre ti, fui alma exul,
— Pasmavam os navios junto à amarra.
Estiravam-se os serros contra o sul,
Riam ondinas alvas para a barra!

Rias, e eu ri, lá donde as águias pairam;
Nunca tão fundo riso em vida ri.
Meus olhos inda, atónitos, desvairam,
Ao rever-te da altura a que me ergui.
O ser humano, em sua exiguidade,
É pó, já não existe, acaba ali:
Some-se o homem; ergue-se a cidade.

Vi lá em baixo, e duvidei da vista,
Parada a sombra pálida das asas,
Enquanto um alto monte, desde a crista
À base se encurvava e pelas rasas
Planuras abatia em torva espuma.
Fitei o olhar: já não se viam casas;
Dobravam-se as colinas, uma a uma.

Dobravam-se aos galões, como o possante
Oceano em seu vaivém, quando onda após
Onda balouça; e eu era tão distante
Que, parado, te via andar veloz;
Dos homens nem a sombra lá no fundo;
Só tu ganharas ser e, em vez de nós,
Caminhavas agora sobre o Mundo.

Caminhavas ligeira, que eu bem via,
E, quanto mais as asas me libravam,
Mais fundo o olhar no abismo se embebia
E as coisas mais a custo se enxergavam.
E, ao baloiçar violento no vazio,
Eram as velas brancas que acenavam
Duma varanda em pé - o azul do Rio.

De súbito caí num desses poços
Do ar, e vi teu vulto milenário
Dum tom sangrento, a carne sobre os ossos
Como o rosto de Cristo no sudário;
E tu, crucificada na amplidão,
— Cada colina em sangue era um Calvário,
­Sofrias sete vezes a Paixão!

Vi-te com fundos golpes lacerada
Pela dor, pelo tempo que destrói:
O Castelo sem paço, a Sé tombada,
A Ribeira sem naus (como isto dói!);
Era o Carmo em ruína um mausoléu,
Que destaparam para ver o Herói
E, trágico, ficou de ossos ao léu!

Baixei o olhar entre o Castelo e o Carmo
E d'aí ao Terreiro, e logo veio
Não sei que frio súbito gelar-mo;
Cortam-te sulcos hirtos pelo meio,
E bem se vê, de fundos, quem os fez:
Da praça aos cinco golpes do teu seio
Gravam-se a palma e os dedos do Marquês.

Segui e à beira d'água, mais além,
Como antigas ossadas de gigantes,
Vi o mosteiro e a torre de Belém;
E, em baixo, pela praia, os mareantes,
Levando uma ave enorme para o vau,
Agitavam-se inquietos, como dantes,
Ao desfraldar as velas duma nau.

E sob um arco de triunfo aberto
(Via-se à barra o arco da Aliança)
Encarnando o fantasma do Encoberto,
Em corpo de saudade e de esperança,
Sopro de luz, de vento e azul etéreo,
Larguei à desfilada, erguendo a lança
Pelas planícies desse Quinto Império.

E ao longe o vulto, eu bem te vi erguê-lo.
Oh! Lisboa dos Mares, de monte a monte,
Desde o Castelo à praia do Restelo;
Poisaram-te Os Lusíadas defronte,
Sonhavas o que foste, mas não és:
Então tocaste as nuvens com a fronte
E o Tejo, manto azul, caiu-te aos pés

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Este bonito poema, intitulado Lisboa vista do céu - impressões de um voo de avião, foi escrito pelo grande escritor e historiador Jaime Cortesão (1884-1960) em 1923. Lembrei-me dele por ter ido ontem a Lisboa inaugurar a exposição Mértola - o último porto do Mediterrâneo na sede do Millennniumbcp. Espero disponibilizar amanhã as imagens do evento.

domingo, 5 de julho de 2009

ROMA II - QUIRINALIS

E foi assim que desatou a chover em Roma e o espectáculo de bailado nas Termas de Caracala foi anulado. E foi assim que, fruto da inspiração do momento, fui afogar as mágoas na Antica Birreria Peroni, uma cervejaria à antiga, com barulho, muito barulho, óptima pasta e cerveja servida em canecas generosas. Os frequentadores são locais e o serviço é simpático embora nem sempre muito competente.
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E a que propósito vem isto? É que a porta de acesso às salas de dentro é assim para o baixinho. O que motivou um aviso, pintado no lintel da porta há já muitos anos: ATTENTI ALLE CORNA (com desenhos de veados e tudo...).
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Estava eu longe de imaginar que, logo no dia seguinte e ainda mal aterrado na Pátria, o tema cornos daria pano para mangas...

Aqui ficam duas imagens da Antica Birreria Peroni, que dão uma pálida imagem do fulgor do sítio ao cair da noite. Morada: Via S. Marcello 19, em Roma (no sopé da colina que os romanos conheciam como Quirinalis). Fecha ao domingo.

http://www.anticabirreriaperoni.com/

GRÂNDOLA VILA MORENA

Hoje, 5 de Julho, rumei a Grândola para estar presente na sessão de apresentação do meu camarada e amigo Rafael Rodrigues como candidato à presidência da Câmara da Vila Morena.
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As 300 pessoas presentes no almoço e o entusiasmo que se sentia abrem boas perspectivas. As intervenções foram vibrantes e entusiásticas. E se uma coisa me daria prazer, do ponto de vista político, seria a tomada de posse do Rafael como próximo Presidente da Câmara de Grândola.Rafael Rodrigues (ao centro) rodeado pelo cabeça de lista à Assembleia Municipal e pelos cabeças de lista às assembleias de freguesia do concelho.