sexta-feira, 1 de maio de 2009

OS CARTEIRISTAS DO EXPRESSO

Compraram o Expresso hoje? Se não compraram, não sabem o que perdem. Para quem não se quiser dar ao incómodo de uma ida ao quiosque aqui fica o essencial da história:
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"O Expresso, que andou uma semana no vaivém entre o Chiado, Graça e Cais do Sodré, viu o grupo do Zé do Porto, um dos 'mãos leves' mais afamados de Lisboa, em acção" (tã-tã-tã-tã, se isto não é emoção e grande jornalismo de investigação, o que será o grande jornalismo de investigação?).
Ficamos a saber depois o seguinte:
1. Que o Zé do Porto tem como associados o Alfredo Maluco e a Carla;
2. Que a Carla não tem direito a alcunha (será a Carla uma neófita do negócio da mão-leveza?);
3. Que os três entalaram um turista francês, limpando-lhe a carteira à entrada do eléctrico;
4. Que o Zé do Porto é mais rápido que uma lente fotográfico, uma vez que o "tal momento" não foi captado pela máquina (hélas, diria o nosso francês...);
5. Que o Zé do Porto é assim uma espécie de Lucky Luke dos 'mãos leves';
6. Que o pobre do turista francês se deu conta que tinha sido roubado poucas centenas de metros mais adiante;
7. Que o grupo de carteiristas terá sido perseguido pelas ruelas de Alfama;
8. Que os jornalistas do Expresso assistiram à conversa entre o turista francês e os agentes da PSP (!), tendo o primeiro declarado "tinha 600 euros na carteira". A massa foi dividida entre o grupo: "as 600 brasas irão ser divididas nos minutos seguintes ao furto", conclui, pitoresco, o repórter Hugo Franco.
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Fiquemos por aqui.
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Conclusão: há repórteres que acompanham delinquentes e que sabem em que momentos vão ocorrer actos ilícitos ou, pelo menos, têm condições para acompanhar a realização de actos ilícitos. Pergunta: será esta atitude correcta, do ponto de vista ético e deontológico?
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Notas finais:
Há repórteres que não sabem a diferença entre René (nome masculino) e Renée (nome feminino). A menos que se trate de um transsexual o senhor assaltado chama-se René, ok?
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Quando comprei o jornal hoje de manhã ainda pensei que fosse o exemplar de 1 de Abril. É que há coisas que não lembram ao diabo...
Revirei várias vezes o jornal, para ter a certeza que, por engano, não comprara nenhum pasquim. O pior é ter concluído que as diferenças se esbatem.
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Já agora, pormenor irrelevante, em Portugal há uma Comissão da Carteira Profissional de Jornalista: http://www.ccpj.pt/

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