domingo, 24 de maio de 2009

JARDINS DO MUNDO

Anda, apressa-te! Não há mais nada além do estipulado:
a taça e a minha bela lua cheia.
Não sejas preguiçoso, anda ver
a névoa que cobre o jardim e o vinho:

é que o jardim está oculto até que venhas
e só então ficará a descoberto.

Dá-me lírios, lírios

E rosas também.

Dá-me rosas, rosas,

E lírios também,

Crisântemos, dálias,

Violetas, e os girassóis

Acima de todas as flores...

.

Deita-me as mancheias,

Por cima da alma,

Dá-me rosas, rosas,

E lírios também...

.

Meu coração chora

Na sombra dos parques,

Não tem quem o console

Verdadeiramente,

Excepto a própria sombra dos parques

Entrando-me na alma,

Através do pranto.

Dá-me rosas, rosas,

E lírios também...

.

O primeiro poema é de Ibn Bassam (poeta de Santarém - século XI). A tradução é de António Borges Coelho e faz parte da obra Portugal na Espanha Árabe, recentemente reeditada. O segundo poema - é apenas um excerto - intitula-se Acordar e foi escrito por Fernando Pessoa/Álvaro de Campos. No meio ficam as fotografias de Robert Mapplethorpe.

2 comentários:

Anónimo disse...

A Flor que és

A flor que és, não a que dás, eu quero.

porque me negas o que te não peço.

tempo há para negares

Depois de teres dado.

Flor, sê-me flor!

se te colher avaro

a mão da infausta esfinge, tu perere

sombra errarás absurda,

Buscando o que não deste.

Fernando pessoa/Ricardo reis

Santiago Macias disse...

Não sei quem é a autora (não sei porquê mas deve ser autora) do comentário. mas que é um comentário em grande estilo lá isso é!