quinta-feira, 21 de maio de 2009

A ESQUERDA, PÁ!

A esquerda, pá!

Preocupados com o passado, o presente e o futuro da agricultura, reuniram‑se num colóquio em Mértola Cláudio Torres (apoiante do Bloco de Esquerda e da CDU), Constantino Piçarra (apoiante só do Bloco de Esquerda) e um ex-ministro da Agricultura, considerado próximo só do PCP. O encontro foi anunciado há semanas em Castro Verde por Fernando Rosas, candidato bloquista à presidência, mas na realidade foi organizado pelo Campo Arqueológico de Mértola, dirigido por Cláudio Torres, mandatário nacional de Rosas. Ou seja, o Bloco Agrícola de Mértola anda a realizar, empenhada­mente, iniciativas no domínio da arqueologia de esquerda. Que escrevo eu? Há qualquer coisa que não soa bem aqui. Re-escrevamos: o Campo Arqueológico de Esquerda promoveu, no passado dia 4, e em conjunto com o Bloco de Mértola, um colóquio sobre agricultura. Não, bolas, também não foi assim. Quem promoveu o encontro foi o Bloco Arqueológico de Mértola em conjunto com o Campo de Esquerda. Também não. Acho que me enganei outra vez... O colóquio foi uma iniciativa da Esquerda Arqueológica no Campo com a colaboração de Mértola em Bloco. Se calhar também não foi exactamente isso. Vamos então tentar de novo. Realizou-se recentemente um encontro promovido pelo Bloco do Campo Agrícola em conjunto com alguns elementos da Esquerda Arqueológica. Não, caramba, enganei-me outra vez. Até parece mentira! Vamos à última tentativa: a Agricultura Arqueológica da Esquerda conspirou recentemente com membros do Campo de Mértola. Bem, desisto. Fiquemos por aqui.

No fundo, acho que toda a gente percebeu. Foi uma iniciativa gira, pá. Isso é que interessa. Foi assim uma coisa de esquerda, pá. Da esquerda caviar mais da esquerda tractorista. Da esquerda folclórica e da esquerda des­con­traída. Da esquerda de camisa aos quadrados à esquerda de boina gue­varista. Da esquerda mais ou menos animada à esquerda mais ou menos coerente. No fundo não interessa muito se foi o Bloco de Mértola, a Arqueologia Agrícola ou o Campo de Esquerda quem organizou a iniciativa. No fundo, o importante é a esquerda. A esquerda, pá.
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Este texto foi publicado em Novembro de 2000, nas páginas do Diário do Alentejo. Em tom um pouco chocarreiro protestava então contra aquilo que considerava, e considero, ser uma desnecessária promiscuidade entre um partido político (o Bloco ou qualquer outro, para o caso é indiferente) e a esfera de acção de uma instituição de investigação científica. Sendo eu membro do Campo Arqueológico de Mértola não podia deixar de me expressar em conformidade com aquilo que penso. Por questões de princípio, de coerência e de frontalidade.
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Sem grande surpresa, admito que sem surpresa, a cena repete-se. Agora com as roupagens de uma iniciativa cultural, o lançamento do livro Périplo, de Miguel Portas e Camilo Azevedo. A iniciativa aparece na agenda do website do Bloco de Esquerda (http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=29&Itemid=124), sob o pouco inocente título "Miguel Portas participa no Festival Islâmico de Mértola". O link seguinte (http://www.esquerda.net/media/festival_islamico.pdf) é um pouco mais concreto, com a apresentação do programa de actividades do candidato no concelho de Mértola. Deixando de parte o tom "espontâneo", no sentido tauromáquico da expressão, da participação de Miguel Portas no Festival, faço questão em me demarcar, enquanto investigador e membro da Direcção do Campo Arqueológico de Mértola, desta e doutras iniciativas do mesmo género, previstas ou a programar no CAM.
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Não vejo, decorridos estes nove anos, razões para alterar os meus princípios nem o dogma da frontalidade. Não presumo ter sempre razão. Desta vez tenho a certeza de ter razão.
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Vai haver reportagens na tv e muitos destaques e coisas assim. Alguém duvida?

13 comentários:

maria josé henrique disse...

É pá e não é que para variar tens mesmo razão! Não é que te sirva de muito mas subscrevo inteiramente o teu "post". É por essas e por outras que as pessoas não acreditam nos politicos deste país e sendo assim passarão também a não acreditar nos investigadores é que quando as esferas se misturam nunca dá bom resultado.O dr. Miguel Portas vai participar no Festival Islâmico?! Isso parece-me abusivo, pois que li e reli o programa oficial e de Miguel Portas não vi lá nada. O que eu vejo em termos de "lançamentos" é o lançamento do livro de poesia "Cadernos de areia" Luis F. Maçarico, do nº 1 dos cadernos temáticos da Aldraba e do livro "O mar do meio", que por acaso é dum fulano que conheço e que tem a coragem de dizer umas verdades. Outros lançamentos, no âmbito do festival, parece-me que não há. A não ser de algum para-quedista e oportunista. Não devia ir lá ninguém! Até amanhã, para aqueles que estiverem no lançamento do "mar do meio" que, acredito serão muitos. Vamos todos participar na nossa grande festa e manifestação cultural que é o Festival Islâmico de Mértola.

Abraço

Anónimo disse...

oh santiago macias, o poder de vereador tá-te a subir á cabeça....até parece que tu também não andas em campanha eleitoral...ai o que o poder faz ás pessoas!!!

Anónimo disse...

A divulgação do Mar do meio não foi a que desejava e lá vai birra LOL

tms disse...

Se fossem uns dir-se-ia que era porque recebiam ordens da Soeiro, como são outros, é mais uma prova de abertura e pluralismo.

Santiago Macias disse...

Huuummmm (é um "hum" de prazer), as bocas dos anónimos são sempre as minhas favoritas!

Até agora, a única coisa que me subiu à cabeça foram os copos, não muitos!, bebidos nas tascas de Moura (endereços imperdíveis: Caprixus, República, Tarro, Liberato, Tarugo, Molho, Ângelo, Zé Maria, Atlético e para aí mais uns 10 ou 15).

Se tiver menos de 30/40 pessoas faço birra. Tá prometido. LOL pra ti também.

Cito uma frase porreira da Thatcher (catrapiscada ao excepcional blogue do embaixador Seixas da Costa): "I'm enjoying this".

Anónimo disse...

Então foram mais de 40 pessoas? se não deu para birra, a birra vem agora com a apresentação do livro do Miguel Portas que até teve honras de Post no Mertola à deriva, para elém das importantes individualidades que o acompanham no lançamento LOL para ti também

Santiago Macias disse...

Estiveram cerca de 70 amigos e houve depois música pelo Eduardo Ramos. Não sou rapaz para birras pelos sucessos alheios nem pelos posts alheios. Individualidades? Tive imensas! O José António, o Manuel Ramalho, o Bruno, a Maria Felícia, a Cidália, o Cláudio, a Júlia, o Passinhas, o Presidente da Câmara, o Presidente da Assembleia, o Jorge Revez, o João Miguel, a Lena, a Maria Eugénia, o Virgílio etc. etc. Sabes quem são?

Anónimo disse...

Sei quem são e não achas que te fica mal escreveres no tom jogoso, irado e até afensivo como o fizeste com o Miguel Portas? não achas que denota alguma dor de qualquer coisa?

Santiago Macias disse...

Sabes mesmo? Todos???

Rita de Castro disse...

É verdade!... Os bloquistas fizeram escala em Mértola. E foram notícia...
Falou-se, mais uma vez, do nosso Concelho (...o que é preciso é que falem da gente...) e, tudo teria sido "normal" se o Dr. Macias tivesse sido ouvido...a não ser que o seu voto "contra" impedisse o "abuso", alegadamente, praticado.
Estou em crer que o copo d'água virou tempestade ...doutro modo, se se tratar mesmo de uma "tempestade", o Bloco só tem a ganhar porque, repito, "...o que é preciso é que falem da gente...mesmo que seja para dizer ...bem". E, podem crer, o poeta tem razão! ...Eu, acho.
Daí que, tudo o que agora se disser só beneficiará o "infrator".
O Miguel "participou" no Festival? Claro que sim. Todos os que lá estiveram, dum modo ou de outro, participaram. O Festival é feito com as pessoas... e para as pessoas.
Tirou partido?...abusou?...
Não vou ser eu quem atira a primeira pedra.

Santiago Macias disse...

Não me interessa saber quem tirou partido ou deixou de tirar. Não se trata de mais voto "contra" ou menos voto "contra". Com votação ou sem ela, tornaria sempre pública esta posição.

Assunto encerrado.

Anónimo disse...

Só é estranho que o sr Santiago, que é do PCP, também tenha feito o lançamento do seu livrinho nas instalações do Campo Arqueológico.
Privilégios especiais?

Santiago Macias disse...

Decerto, sr. anónimo. É o que decorre do privilégio de ser membro do CAM desde 1988. Considere-se também o "piqueno" detalhe do lançamento do meu livrinho não ter sido anunciado em sites partidários.
O ser militante do PCP apouca a minha condição de cidadão e mertolense?
Outro "piqueno" detalhe: só publico uma eventual resposta com identidade. Caso contrário... lixo!