segunda-feira, 27 de abril de 2009

RODCHENKO E ALGO MAIS

Antes dos académicos de Estaline terem liquidado todas as formas de inovação, a arte dos sovietes conheceu um período brilhante e de grande projecção futura. Conhecemos essa escola pelo nome de construtivismo. O meu professor de Arte Contemporânea nunca ligou muito ao tema, mas o gosto pelos grafismos, o uso intenso e dinâmico das diagonais ficaram-me colados, para sempre, à retina.
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Neste grupo surge, primus inter pares, Alexander Rodchenko (1891-1956), que passou da fotografia à fotomontagem e desta à pintura. Não necessariamente desta forma nem por esta ordem. Devo também dizer que me cativa especialmente em Rodchenko o peculiar sentido de humor dos construtivistas, o seu empenhamento político e por ser mais inovador, ousado e provocador há quase 100 anos do que muitos artistas dos nossos dias.
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Resolvi juntar às fotografias de Rodchenko (na do meio está Osip Brik e não o arq. Manuel Graça Dias...) um cartaz dos tempos da Revolução Russa, da autoria de El Lissitzky (1890-1941), intitulado "Vencer os brancos com a foice vermelha". Essa imagem serviu-nos de lema nas eleições para a Assembleia de Representantes da Faculdade de Letras de Lisboa, no início de 1984. A esquerda cindira-se e muitos dos meus amigos formaram uma lista esquerda-pá. Eu fiquei com os outros amigos, os do PCP. Ganhámos, contra todas as previsões.

3 comentários:

Esquerda para Lisboa -apelo à convergência disse...

Excelente! O tom, o toque de ironia, a memória por lembrar e, já agora, o rigor da informação.
MAM

Anónimo disse...

amigo, atenção à grafia no primeiro parágrafo.
Rafael

Santiago Macias disse...

Pois. São os inconvenientes de nunca ter cursado dactilografia...